A cerveja Heineken, que tem uma estrela vermelha no rótulo, faz propaganda para o PT? A suposição é um tanto ridícula, mas tem gente que acredita nessa groselha. Tem mané que engole qualquer coisa.
A estrela estampa as garrafas da Heineken desde a criação da marca, no fim do século 19. Ficou vermelha lá pelos anos 1930. O Partido dos Trabalhadores brasileiro nasceu em 1980.
Pior do que deixar de beber Heineken por causa do Lula é acreditar nas mentiras que plantam nas redes sociais. Um perfil de TikTok fez uma montagem tosca com a garrafa: meteu um “22”, tirou o vermelho e meteu um fundo amarelo no vidro verde. Pronto: um monte de gente levou a sério.
A repercussão da Heineken bolsominion foi tamanha que a cervejaria precisou se manifestar publicamente. Lançou uma nota dizendo que o negócio era falso e que a empresa não apoia nenhum candidato.
Tá todo mundo tão tenso com a situação política que acaba vendo dente em galinha.
O fato de eleições e Copa do Mundo caírem em datas próximas impôs um dilema para as marcas –que sempre lucram com o ufanismo verde-amarelo nos anos de Mundial.
Tragicamente, a bandeira do Brasil e suas cores foram sequestradas pela extrema-direita. Não há como não associar qualquer coisa verde e amarela dos reacionários que apoiam Bolsonaro.
Nesse contexto, a Bauducco resolveu lançar um chocotone “patriota” coberto com granulado verde e amarelo. Bolsotone? Não, mas parece. Foi uma aposta arriscada da marca, já que pode afastar consumidores que têm nojo da figura do presidente.
Nunca antes houve o panetone canarinho… calma: nunca antes a Copa caiu em dezembro.
Eu acho que a Bauducco poderia ter esperado até a semana que vem para lançar esse produto. Minto. Eu acho, na verdade, que o panetas patriota não deveria existir.
Além de ser brega pra dedéu, esses confeitos coloridos não contêm um só ingrediente que valha a pena ser ingerido.
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Fonte: Folha de S.Paulo