Saiba como é o passeio na nova tirolesa que liga São Bernardo a Cubatão

Não há muitas cerimônias para se pendurar nos cabos de aço da tirolesa de meio quilômetro de extensão que, desde o mês passado, leva turistas de São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, a Cubatão, na região da Baixada Santista, a uma velocidade que pode chegar a 60 km/h.

Depois da compra antecipada de ingressos, que custam entre R$ 60 e R$ 149, e de uma agradável viagem pela estrada que desemboca no Parque Estadual Serra do Mar, o processo é menos burocrático do que o que poderia ser esperado para uma aventura a 110 metros de altura —mas isso não se traduz numa sensação de insegurança.

O primeiro passo é ir até a Casa de Visitas, construída em 1926, preencher um seguro de vida que pode aumentar brevemente a tensão dos mais medrosos —sobre uma foto de um homem de braços abertos para o pôr do sol, aparecem estampadas expressões como “morte acidental” e “invalidez”. Depois, funcionários em uma salinha ajudam a vestir todos os aparatos de segurança.

Com capacete e cadeirinha a postos e penduricalhos como colares e anéis devidamente retirados, é hora de seguir em direção à plataforma de onde “parte o voo”. Os instrutores passam breves orientações: não é permitido fazer estripulias como ficar de cabeça para baixo ou levantar as mãos em direção aos cabos.

Além disso, há um pequeno paraquedas a ser arremessado para reduzir a velocidade da viagem e aumentar o tempo de contemplação. Depois do “ok”, é só se apoiar na cadeirinha e soltar o corpo, sem precisar de nenhum impulso.

O trajeto, que pode ser feito individualmente ou em dupla, com cada pessoa atada a seus respectivos cabos e sentadas lado a lado, leva cerca de um minuto de duração. Começa rodeado por árvores e, na metade do caminho, revela uma bela paisagem que, em dias limpos, inclui boa parte do litoral santista e cidades como Praia Grande e São Vicente.

Do lado de baixo a vista também vale a pena. Dos mais de 100 metros de altura, é possível ver o topo de muitas árvores e pequenos riachos da unidade de conservação Caminhos do Mar, parte integrante do parque que representa a maior porção contínua e preservada de mata atlântica no Brasil. É como ver imagens gravadas por um drone.

Já em território cubatense, o rápido passeio de tirolesa pode acabar com a volta de cerca de um quilômetro até o estacionamento —que pode ser feita a pé ou em uma das vans do parque, por R$ 35— ou ser emendado com uma das trilhas dentro da Caminhos do Mar, que desde 2021 está sob a responsabilidade da Parquetur.

A tirolesa é só uma parte do projeto da concessão de 30 anos que, de acordo com Michelle Pelosini, gerente de operações do Caminhos do Mar, ainda inclui a construção de um playground, um camping e a execução de projetos ambientais.

“A tirolesa é a primeira dentro de uma unidade de conservação no estado de São Paulo, e para o projeto tivemos que podar e cortar algumas árvores, então houve uma compensação ambiental”, diz.

A manutenção do espaço também passa pela proibição de objetos pessoais pendurados ao corpo durante a descida, como chinelos, joias e celulares, que podem cair na mata. “Não é só por uma questão de segurança do visitante, mas pela preservação da fauna ao redor da tirolesa.”

Outro ponto presente nas condições da concessão é o restauro de monumentos históricos. Só no perímetro que ficou com a Parquetur, conhecido por ser cantado por Roberto Carlos em “As Curvas da Estrada de Santos”, há nove construções centenárias feitas pelo arquiteto francês Victor Dubugras.

Uma delas é o Pouso Paranapiacaba, que tem 101 anos, onde foi instalado o Café 1922. Por lá, quitutes portugueses como o bolinho de bacalhau (R$ 10) e o pastel de nata (R$ 11,90) podem ser acompanhados por um café (R$ 8,90) ou por vinhos cujas garrafas custam entre R$ 115 e R$ 680. É uma parada estratégica com vista para um um horizonte bonito, mas no fim de semana pode ter longas filas.

As outras construções, como a Calçada do Lorena, ficam no percurso das caminhadas que percorrem distâncias de 3,5 km a 8 km. Até o último dia de julho, o ingresso para a tirolesa garante a entrada para o parque. Depois desse período, o passeio extra sairá por R$ 40.

Todos os trajetos do Caminhos do Mar podem ser feitos sem guia. A exceção é o Roteiro Aventura, com 4,5 km, que termina em um banho na Cachoeira da Torre com vista parcial para a Baixada Santista e que precisa ser agendado.

Além das aventuras aérea e terrestre, o parque também oferece passeios de caiaque, stand up paddle e canoa que duram 40 minutos e custam a partir de R$ 40. Também dá para levar a embarcação própria e pagar R$ 20 —só não é permitido se refrescar com um mergulho.

Fonte: Folha de S.Paulo

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