Monumento Natural das Ilhas Cagarras, no Rio, entra para lista mundial de locais com alta relevância ambiental

Monumento Natural das Ilhas Cagarras, no Rio, entra para lista mundial de locais com alta relevância ambiental

Monumento Natural das Ilhas Cagarras, no Rio, entra para lista mundial de locais com alta relevância ambiental

O Monumento Natural das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras), localizado a cinco quilômetros da praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio, entrou para a lista de 130 locais em todo o mundo considerados “Hope Spots”. Os chamados “Pontos de Esperança”, em português, são ambientes reconhecidos pela alta diversidade de espécies, importância ecológica e econômica e também pelo risco em que se encontram.

Com a nomeação, a primeira Unidade de Conservação (UC) marinha federal de proteção integral do litoral carioca entrou para um grupo seleto, que tem, por exemplo, Galápagos, no Equador, e a Grande Barreira de Coral, na Austrália.

Tratam-se de locais que precisam da atenção do poder público e da sociedade para se manterem conservados.

Monumento Natural das Ilhas Cagarras entra para lista de 130 locais no mundo com alta importância ambiental — Foto: Projeto Ilhas do Rio/Divulgação

O anúncio oficial da nomeação do MONA Cagarras foi feito pela Mission Blue, aliança internacional para conservação marinha responsável pelo reconhecimento desses locais.

Qualquer pessoa pode candidatar um lugar ao título, no entanto, a candidatura deve ser aprovada por um conselho especializado que analisa se a região atende ou não aos critérios científicos e de conservação.

As dimensões do local não influenciam na escolha. Para ser considerada uma região que “fornece esperança”, ela precisa atender a critérios como:

  • alta abundância e diversidade de espécies, habitats ou ecossistemas;
  • populações particulares de espécies raras, ameaçadas ou endêmicas;
  • potencial para reverter danos de impactos humanos negativos;
  • presença de processos naturais, como grandes corredores de migração ou áreas de desova;
  • valores históricos, culturais ou espirituais significativos;
  • importância econômica para a comunidade.

MONAS Cagarras é nomeado “Ponto de Esperança”, ao lado de locais como a Grande Barreira de Coral na Austrália — Foto: Projeto Ilhas do Rio/Divulgação

Projeto Ilhas do Rio

Em 2021, o Projeto Ilhas do Rio completa 10 anos de pesquisas dedicadas ao MONA Cagarras. A candidatura da região para a lista global foi feita pela bióloga marinha e responsável técnica do Projeto Ilhas do Rio/Instituto Mar Adentro, Aline Aguiar.

Apenas o Banco dos Abrolhos, na Bahia, na região Nordeste do país, tinha esse reconhecimento em águas brasileiras.

“Me debrucei sobre as informações e resultados de pesquisa do Projeto Ilhas do Rio e percebi que a Unidade de Conservação e suas águas no entorno atendiam a praticamente todos os critérios da Mission Blue para nomeação de um Hope Spot”, conta a bióloga Aline Aguiar.

Na candidatura do monumento natural carioca, foram destacados pontos como:

  • possuir alta diversidade de espécies, incluindo ameaçadas, endêmicas e novas para ciência;
  • o fato de ser um dos maiores ninhais de aves marinhas do Atlântico Sul;
  • possuir remanescentes da Mata Atlântica com características pristinas;
  • ter espécies da megafauna carismática – animais de grande porte reconhecidos globalmente;
  • presença de fauna marinha de importância econômica para pesca;
  • ser corredor migratório para baleias;
  • presença de um sítio arqueológico;
  • ter grande potencial para turismo sustentável.

“O MONA Cagarras é um local muito especial, pois mesmo tão próximo de uma grande metrópole, ainda funciona como refúgio da biodiversidade. Suas águas protegidas ajudam na recuperação de populações de peixes, crustáceos e moluscos, muitos de importância comercial”, afirma a bióloga.

A parte que preocupa os pesquisadores é que, apesar das riquezas, o local sofre também ameaças. Por estar muito próximo à cidade, o MONA Cagarras e seu entorno sofrem impacto direto da poluição.

Para os pesquisadores do Projetos Ilhas do Rio, essas ameaças exigem “medidas emergenciais e um trabalho ainda maior de sensibilização e engajamento de diferentes setores da sociedade, indústria e governo em busca de adoção de práticas socioambientais corretas”.

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Fonte: G1