Movimentação de passageiros no Aeroporto do Galeão caiu cerca de 65% nos últimos 8 anos; queda indica prejuízo para o RJ

Aeroporto Santos Dumont tem recebido muito mais passageiros do que o Aeroporto Tom Jobim

Aeroporto Santos Dumont tem recebido muito mais passageiros do que o Aeroporto Tom Jobim

A movimentação média de passageiros no Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão, na Ilha do Governador, teve uma queda de 65% nos últimos oito anos, segundo dados da concessionária Rio Galeão, responsável pela gestão do aeroporto localizado na Zona Norte do Rio.

Em 2014, no primeiro ano de administração privada do aeroporto, o total de passageiros embarcando e desembarcando no Galeão chegou a 17 milhões. Já em 2022, a empresa registrou a presença de 5,9 milhões de passageiros no aeroporto. A queda de mais de 11 milhões em oito anos, ou 65%, indica um prejuízo para a economia do município e do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo o diretor do FGV Transportes, Marcus Quintella, os passageiros que chegavam ao Rio pelo Galeão não passaram a chegar pelo Santos Dumont, ou seja, a diferença de mais de 11 milhões de pessoas é um indicador da forte perda econômica que afetou o estado e o município do Rio.

“O Santos Dumont está voltando a transportar a quantidade de passageiros praticamente a mesma de antes da pandemia, enquanto o Galeão saiu lá de 17 milhões de passageiros de 2019 e caiu para 3 ou 4 milhões (5,9). Ou seja, esse número que desapareceu do Galeão não foi, certamente, para o Santos Dumont. Isso se deve a conjuntura econômica. É um prejuízo para a cidade e o estado do Rio de Janeiro, sem dúvida alguma”, comentou Marcus Quintella.

Movimentação de passageiros no Aeroporto do Galeão caiu cerca de 65% nos últimos 8 anos — Foto: Reprodução TV Globo

Para Márcio França, Ministro de Portos e Aeroportos do Brasil, a situação é preocupante. Segundo ele, o governo federal vai tomar medidas para que o Aeroporto do Galeão volte a ser referência no Brasil.

“A orientação do presidente Lula e do novo governo é que nós tenhamos muito mais passageiros por todo o Brasil. E o Galeão é muito importante. Ele é central para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Já foi uma referência importante no Brasil e vai voltar a ser”, comentou Márcio França.

A ideia do governo é tratar do problema no próximo dia 24 de abril, quando está marcada uma reunião na Secretaria Nacional de Aviação Civil com a presença do ministro Márcio França, o governador Cláudio Castro e o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes. No encontro, as autoridades devem debater possíveis soluções para ampliar o número de passageiros do Galeão.

O prefeito Eduardo Paes destacou que parte do problema é a migração de voos do Galeão para o Aeroporto Santos Dumont. O chefe do executivo municipal defendeu a privatização do terminal do Centro do Rio e um maior equilíbrio na distribuição dos voos.

“Na hora que você tira todos os voos domésticos, de conexão do Galeão, e leva para o Santos Dumont, lotando o Santos Dumont, naturalmente as companhias internacionais, que fazem conexão do Rio com o mundo, perdem o interesse para virem para o aeroporto do Galeão. O Rio perde duas vezes, as conexões e voos internacionais que poderiam vir para a nossa cidade”, comentou Paes.

“O Santos Dumont tem que ser concedido, em conjunto com o aeroporto do Galeão. O Santos Dumont não pode ser a única receita da Infraero para sustentar todos os aeroportos do Brasil”, concluiu o prefeito carioca.

Segundo a concessionária RioGaleão, atualmente, o aeroporto tem voos para 12 destinos domésticos e 19 destinos internacionais e a maior pista comercial do Brasil, com 4 mil metros.

Aeroporto do Galeão vazio na véspera do feriado de Páscoa — Foto: Reprodução TV Globo

Longe de sua capacidade máxima de operação, que é de 37 milhões de passageiros por ano, o Aeroporto do Galeão espera uma movimentação 34% maior nesse final de semana de Páscoa, em comparação com o ano de 2022. A expectativa é de receber 87 mil passageiros, entre voos domésticos e internacionais.

“Eu moro na Ilha então para mim é muito mais conveniente. Normalmente tem sido mais fácil conseguir voos no Santos Dumont, até em questão de preço, mas dessa vez até o preço estava bom por aqui (Galeão)”, comentou a passageira Isabelle Duran

Movimentação alta no Santos Dumont

Enquanto o Aeroporto do Galeão sofre com a queda no número de passageiros, o Aeroporto do Santos Dumont, no Centro do Rio, vem registrando aumento no número médio de emparques e desembarques.

Administrado pela Infraero, o terminal contabilizou 10,1 milhões de passageiros em 2022. Há dez anos, o aeroporto localizado no Centro recebia 9,2 milhões de pessoas.

A lotação do Aeroporto Santos Dumont também causa problemas na operação do terminal. Longas filas, falta de pontualidade e cancelamentos dos voos passaram a ser mais frequentes nos últimos anos.

Operando perto de sua capacidade máxima, o Santos Dumont também acaba gerando problemas na outra ponta da ponte aérea Rio-São Paulo.

Nos dois primeiros meses desse ano, segundo um site Airhelp, 29% dos voos da principal rota operada no aeroporto do Centro do Rio saíram com atraso superior a 15 minutos. Como comparação, no mesmo período de 2022, apenas 6,9% dos voos que deixaram o Santos Dumont com destino ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, saíram atrasados.

A capacidade máxima de passageiros por ano no Santos Dumont também virou um ponto de polêmica. Até o ano passado, a Infraero divulgava que o aeroporto tinha capacidade de atender até 9,9 milhões de passageiros por ano. Contudo, o órgão federal responsável por administrar os aeroportos brasileiros passou a considerar que a capacidade de passageiros por ano do Santos Dumont é de até 15,3 milhões.

De acordo com a Infraero, a capacidade máxima não foi alterada.

Em nota, a empresa pública explicou que o número maior considera 12 horas de pico por dia no Aeroporto Santos Dumont e que a capacidade de 9,9 milhões de passageiros por ano é relativa a uma demanda baixa, de 8 horas de pico por dia.

Ainda segundo a Infraero, eles passaram a publicar no site a capacidade máxima com alta demanda (15,3 milhões e não mais os 9,9 milhões).

Fonte: G1