Menina cruzou divisa do Novo México com o pai sem documentos e não resistiu à desidratação e morre oito horas depois.
Uma menina guatemalteca de 7 anos detida pela polícia de fronteira morreu sob custódia das autoridades dos Estados Unidos, revelou o jornal “Washington Post”. A criança, que havia cruzado a divisa com o pai e dezenas de outras pessoas sem documentos, no estado do Novo México, não resistiu “à desidratação e ao choque”, segundo as informações confirmadas pelo serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês).
O CBP alega que a menina estava havia vários dias sem comer nem beber. A pequena começou a sofrer convulsões oito horas depois de ser detida. Ela chegou a ser levada de helicóptero para um hospital, onde teve a morte declarada. Os serviços de emergência constataram que a temperatura corporal da menina chegou a 41ºC, destacou o diário americano. Os nomes da menina e do pai não foram divulgados oficialmente, mas uma fonte do governo Guatemalteco a identificou como Jackeline Caal, que viajava na companhia do pai, Nery Caal, de 29 anos, revelou a AFP.
Os dois são originários do município indígena maya quekchí de Raxruhá, no departamento de Alta Verapaz, 145 km ao norte da Cidade da Guatemala. O pai está em El Paso, no Texas, para se reunir com representantes do consulado de seu país. O CBP investiga a morte da criança. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixa clara a política de tolerância zero com a imigração, um dos pontos centrais de sua agenda, que lhe geram críticas e acusações de demonizar os estrangeiros por motivação política. Caravanas de milhares de centro-americanos estão barradas na fronteira do México e apelam pelo direito de pedir asilo nos EUA.
Os imigrantes deixaram a miséria e a violência da América Central rumo ao território americano e se instalaram em Tijuana, na fronteira sul com San Diego, da Califórnia. Trump considera o movimento uma “invasão” e pressiona o Congresso para financiar a construção de um muro na fronteira. Pelo Twitter, a ex-secretária de Estado dos EUA e concorrente de Trump pela Casa Branca em 2016 Hillary Clinton lamentou a morte da menina em meio à crise humanitária.
“Não há palavras para mensurar o horror de um menina de 7 anos morrer de desidratação sob custódia dos EUA. O que está acontecendo na nossa fronteira é uma crise humanitária”, ressaltou a democrata. Os imigrantes arriscam a vida em perigosas travessias no Novo México, no Texas e no Arizona, para chegar aos Estados Unidos. O CBP expressou pêsames pela morte da menina. Os guardas da fronteira fizeram o possível para salvar a menina”, declarou ao “Washington Post” o porta-voz do CBP, Andrew Meehan. “Como pais e mães, irmãos e irmãs, nos identificamos com a perda de qualquer criança.”
Fonte: A Semana