Imigrantes veteranos de guerra também podem ser deportados

Foto22 Jose Segovia Benitez Imigrantes veteranos de guerra também podem ser deportados
José Segovia Benitez imigrou para os EUA aos 3 anos de idade e alistou-se nas Forças Armadas do país

Os veteranos que são residentes legais permanentes (green card) podem ser expulsos dos EUA se forem condenados por crimes graves

O veterano de guerra, José Segovia Benitez, que imigrou de El Salvador para os EUA aos 3 anos de idade, juntou-se ao Corpo de Fuzileiros Navais aos 18 anos, ansioso para servir o que ele sempre considerou ser seu país. Ele é mais um entre os milhares de imigrantes, residentes legais permanentes (green card) que serviram a nação e agora enfrentam a deportação.

José, de 37 anos, formado pela Poly High School, em Long Beach (CA), faz parte do número crescente de imigrantes que foram deportados ou enfrentam deportação depois de servir nas forças armadas dos EUA. O governo não acompanha quantas pessoas estão na mesma situação de dele. Grupos de defesa dos direitos dos veteranos e seus apoiadores documentaram centenas de veteranos que foram expulsos dos EUA, mas suspeitam que o total possa atingir milhares. O Congressional Hispanic Caucus em 2017 calculou o total próximo aos 3 mil.

Alguns veteranos deportados estão em Tijuana, México, para poderem estar perto de suas famílias que ainda vivem no lado dos EUA. Os defensores argumentam que o processo é comprovadamente injusto. “Se você é um cidadão, comete um erro, paga pelo seu erro e depois vai para casa”, disse Robert Vivar, co-diretor do Unified US Deported Veterans, uma organização sediada em Tijuana, a qual apoia o retorno de Segovia e todos os veteranos deportados.

“Se você não é um cidadão, você é punido pelo mesmo crime, não apenas duas vezes, mas você recebe uma sentença de prisão perpétua”, acrescentou.

Vivar e outros argumentam que os veteranos americanos conquistaram e merecem o direito de viver no país pelo qual estavam dispostos a morrer. “Ser deportado, tirado da sua família, do bairro onde você cresceu, é um grande trauma”, disse Robert, um imigrante que cresceu em Corona e foi deportado, mas não é veterano.

“Até mesmo um estuprador assassino condenado tem a oportunidade de liberdade condicional e de ser reintegrado à comunidade”, relatou Vivar, que trabalha em um centro de ligações em Tijuana. “Mas alguém que serviu, estava disposto a dar a vida, tem tudo tirado dele”.

Enquanto o grupo de Vivar e outros estão lutando pela libertação de Segovia, dois congressistas recentemente reintroduziram um projeto de lei que permitiria que veteranos deportados que foram dispensados de forma honrosa retornassem aos EUA. As exceções seriam veteranos condenados por homicídio voluntário, assassinato, estupro, abuso sexual de menores, terrorismo ou abuso infantil.

O “Ato Repatriar nossos Patriotas” (H.R.1078,) também proibiria a deportação de veteranos não cidadãos e aceleraria o processo de naturalização dos que já foram deportados, permitindo que eles passem pelo processo no exterior.

“Se você está disposto a colocar sua vida em risco para defender esta grande nação e seus valores, você deve ser capaz de se tornar um cidadão dos EUA”, disse o congressista Don Young, republicano do Alasca, em um comunicado de imprensa, quando ele reintroduziu projeto de lei em fevereiro com um congressista democrata do Texas, Vicente Gonzalez.

Outras tentativas legislativas para impedir a deportação de veteranos americanos incluem o “Ato de Segunda Chance do Serviço” do Dep. Mark Takano (D-Riverside). Esse projeto de lei teria alterado o Ato de Imigração e Nacionalidade (INA) para garantir que um veterano que tenha prestado serviços honrosos não seja automaticamente impedido de obter a cidadania após cometer certos crimes.

“A América é um país que acredita em segundas chances, e poucos merecem uma segunda chance, tanto quanto esses veteranos”, disse Takano quando apresentou essa lei em 2017. “Tratar dessa forma as pessoas que arriscaram suas vidas pela nossa liberdade viola o respeito e a gratidão que nós devemos a todos que serviram. Essa legislação dá à administração a flexibilidade necessária para fornecer aos nossos veteranos os direitos que eles lutaram para proteger”.

José vivenciou combates no Iraque e depois de 5 anos foi dispensado com honra. Entretanto, quando ele chegou em casa, em 2004, ele não era a mesma pessoa. Uma lesão cerebral deixou-o deprimido e irritado e ele exibiu sintomas da síndrome do estresse pós-traumático. A síndrome fez com que ele passasse a beber. Ele teve problemas com a lei e cumpriu pena por abuso doméstico, dirigir intoxicado, e outras condenações criminais.

Embora ele fosse portador do green card, quando ele se juntou aos fuzileiros navais, ele começou o processo de naturalização enquanto servia, mas o processo de cidadania americana nunca foi finalizado. É por isso que, quando ele estava saindo da prisão em janeiro de 2018, o veterano caiu no radar do Departamento de Imigração & Alfândega (ICE) como candidato à deportação. José foi detido por agentes e levado ao Centro de Processamento de Adelanto, onde está desde então. Agora, ele está recorrendo ao processo que tenta enviá-lo para um país que ele não vê desde que era criança.

Fonte: Brazilian Voice