Incursões contra imigrantes prendem apenas 35 pessoas

Os ataques contra imigrantes anunciados pelo presidente Donald Trump e que tinha em mira 2.000 pessoas, apenas 35 foram detidos, disseram autoridades.

Trump elogiou a operação como uma importante medida de força que deportaria “milhões” de pessoas que não têm autorização de permanecer no país. Dos presos, 18 eram familiares e 17 foram detenções circunstanciais feitas por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). Nenhuma das prisões levou a separações familiares, disseram fontes.

O diretor interino do ICE, Matt Albence, disse que a operação ainda está em andamento. Outra operação, contra imigrantes com registros policiais, jogou 899 prisões. Os democratas anunciaram a operação como uma tentativa de gerar medo e deportar famílias, enquanto os republicanos a defenderam como um sinal de que entrar ilegalmente no país tem suas consequências. Oficiais de carreira do ICE disseram que a iniciativa é uma operação de rotina e que geralmente esses ataques capturam entre 10 e 20% dos indiciados.

A operação estava à procura de famílias que receberam ordens de deportação em 10 cidades do país e que foram designadas para deportações rápidas. Albence admitiu que o número de detidos era menor do que nas operações anteriores. Ele disse que o anúncio de Trump não estragou os planos, porque a questão já havia sido publicada na imprensa desde semanas atrás. No entanto, a publicidade em torno da operação causou-lhe problemas, uma vez que tais iniciativas dependem do fator surpresa. Albence revelou que a publicidade deixou alguns agentes vulneráveis, por isso foi necessário removê-los da operação.

As operações anteriores foram mais bem-sucedidas porque “elas foram feitas sem muita atenção ou cobertura da imprensa”, disse Albence. “Isso, do ponto de vista operacional, é uma vantagem.” Outro fator foi o clima: a operação foi suspensa em New Orleans devido ao furacão lá. Ativistas de defesa dos imigrantes desta vez sabiam quando os agentes estavam chegando e alertaram a comunidade, entre os quais eles haviam divulgado materiais para informar os migrantes sobre seus direitos. Ao menor indício das atividades do ICE, os ativistas saíram para investigar, algo que aconteceu em Houston, New York, Chicago e outras cidades. Para alertar a comunidade, eles usaram telefonemas, mensagens de texto, workshops e um aplicativo para smartphones. Em Chicago, até funcionários municipais participaram do esforço. Dois vereadores criaram “bicipatrulhas” nas quais ativistas andavam de bicicleta por bairros com uma população densa de imigrantes e, quando souberam de qualquer ação da ICE, notificaram a comunidade. “Vimos que as pessoas estavam com medo, que estavam em pânico”, disse o vereador André Vasquez. “Queremos viver em um ambiente onde as pessoas nunca tenham que sentir medo do ICE”, acrescentou.

Fonte: Brazilian Press