Um caipira no Bairro Alto, em Lisboa

Artista careca, de barba e bigodes, camiseta branca e avental jeans, posa com a sua escultura de cavalo em tamanho real, feita com pedaços de madeira
Gezo e seu gigantesco cavalo dando as boas-vindas na galeria: peças autorais e cheias de bossa Bruno Barata/Reprodução

Quem passa pelo número 69 da rua Luz Soriano, no boêmio Bairro Alto, no coração de Lisboa, logo tem a atenção desviada para o lado de dentro, onde podem chamar a atenção tanto a escultura de um imenso cavalo em tamanho real, todo feito de retalhos de madeira, quanto de porcos com colares de pérolas de várias voltas ou de uma grande vaca de patins. Trata-se da galeria de Gezo Marques, paulista de Piracicaba, morador há 22 anos do centro histórico de Lisboa.

Algumas vezes na semana, o publicitário se dedica a produzir campanhas para grandes marcas como McDonald’s, Mercedes, azeites Gallo e Pingo Doce (a maior rede de supermercados de Portugal). É quando exerce com louvor seu cargo de diretor de criação em uma das maiores agências da cidade. Mas é nos dias livres, nos finais de semana e durante a noite, que ele se realiza por completo, colocando literalmente as mãos na massa. Nesses momentos, sai de cena o publicitário e entra o artista que, tão logo começou a botar suas peças na rua, foi parar nas páginas de publicações como as inglesas Monocle e Wallpaper e versões internacionais da Elle Decoration e A&D.

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​Gezo veio para Portugal como diretor de arte ao responder a um anúncio de emprego publicado num jornal. Na mala, umas poucas roupas, uma panela de pressão e um estojo de giz pastel. “Encontrei uma Lisboa totalmente diferente, com apenas três canais de TV e um pouco descuidada”, lembra-se. Mas a paixão foi imediata. A ideia inicial era ficar um ano, mas o dia de ir embora ficava cada vez mais longe.

Artista careca, de barba e bigode, posa em seu ateliê, em frente a uma parede cheia de gravuras coloridas
Gezo no ateliê, nos fundos da loja: “sou caipira, gente!” Bruno Barata/Reprodução

​No início, Gezo se dividia entre o emprego de sucesso e as criações artísticas realizadas dentro de casa. Até que um dia não coube mais debaixo do mesmo teto que as suas máquinas de serra, solda, latas de tinta e sprays. Hoje, a Oficina Marques, que divide com Aparício Gonçalves, ocupa três salas enormes no Bairro Alto, com espaços bem divididos entre o ateliê, a sala de exposições e a loja, onde também faz a curadoria de peças de outros artistas residentes em Portugal. Ali há móveis, objetos, ilustrações, quadros, esculturas e os seus famosos relicários, por preços que variam de € 1,50 a € 15.000. 

​Gezo já expôs em uma das maiores feiras de decoração do mundo, a Maison et Objet, em Paris, e tem hoje peças espalhadas pelos quatro cantos– dos Emirados Árabes à Indonésia, de Israel ao Brasil. Em Lisboa, suas obras decoram de restaurantes a hotéis emblemáticos, caso do novo 1908 Lisboa Hotel, que já ganhou o prêmio de melhor hotel design da Europa nos World Travel Awards, do Jardim da Lapa Boutique Hotel e até do mais recente restaurante do chef José Avillez, totalmente vegetariano, chamado Encanto. Seu maior desafio? Conciliar a tendência de passar todos os minutos mergulhados no ateliê com as maravilhas de morar em uma cidade de localização estratégica, a poucas horas de voo de muitos destinos europeus e com o mar na porta. “Tudo aqui é muito tentador”, diz Gezo. E justifica, brincando: “Eu sou caipira, gente!”

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Fonte: Viagem e Turismo