Waldemar Haffkine, o pioneiro da vacina que o mundo esqueceu

  • Joel Gunter e Vikas Pandey
  • BBC News

Atuando em Paris e na Índia na virada do século passado, Waldemar Mordecai Haffkine criou as primeiras vacinas do mundo contra cólera e peste. Mas um envenenamento acidental em massa fez sua vida degringolar.

Na primavera de 1894, Waldemar Haffkine viajou para Calcutá em busca da cólera, e estava otimista para identificar casos porque aquele era o período do ano que a doença se espalhava com força.

Ele havia chegado à Índia em março anterior portando o que acreditava ser uma vacina para a doença, mas lutou o ano todo para fazer progresso nos experimentos em torno de sua criação.

Desde o momento de sua chegada, Haffkine foi recebido com ceticismo e resistência por parte do establishment médico britânico e da sociedade indiana.

Ele, que não havia se formado em medicina, mas em zoologia, era um judeu russo que se formou em Odessa e desenvolveu suas habilidades em Paris, numa época em que o mundo da bacteriologia internacional era dividido e cercado de suspeitas.

Haffkine, que tinha 33 anos quando desembarcou na Índia, também teve dificuldades com o lado prático de testar sua vacina. Sua primeira tentativa exigiu duas injeções, separadas por uma semana, e sua equipe às vezes tinha dificuldade para localizar cobaias para a segunda aplicação.

E apesar da ampla disseminação da cólera na Índia, encontrá-la em concentração suficiente não foi fácil. Haffkine inoculou cerca de 23 mil pessoas naquele ano no norte da Índia, de acordo com seus próprios registros, “mas nenhum cólera apareceu entre eles para mostrar se a vacina tinha valor ou não”.

Então, naquele ano de 1894, Haffkine deu um tempo. Ele havia sido convidado para Calcutá pela autoridade médica local a fim de tentar identificar o bacilo da cólera em um tanque de água de um vilarejo que consistia em um conjunto de cabanas de barro. As famílias que moravam nesses barracos bebiam coletivamente das fontes de água compartilhadas, o que as tornava vulneráveis ​​a surtos frequentes de cólera.

Para Haffkine, aquele cenário era um campo de experimentos ideal para sua vacina recém-criada. Em cada casa, ele tinha um grupo de pessoas vivendo em condições idênticas, igualmente expostas ao cólera. Se ele pudesse inocular parte de cada família e deixar parte sem tratamento, com participantes suficientes ele poderia finalmente produzir alguns resultados significativos.

No final de março, duas pessoas morreram de cólera no vilarejo de Kattal Bagan, o que indicava a ocorrência de um surto. Haffkine viajou para o local e inoculou 116 dos cerca de 200 habitantes. Depois, sua pequena equipe observou mais 10 casos lá, sendo 7 fatais — todos eles estavam entre os não inoculados.

Os resultados foram positivos o suficiente para levar as autoridades de Calcutá a financiarem um estudo mais amplo, mas convencer as pessoas a serem vacinadas era mais fácil na teoria. Anos e anos de programas de saúde enfiados goela abaixo pelo governo britânico tinham disseminado também a desconfiança na população, e muitos no país estavam alheios ao conceito de vacinação.

A solução de Haffkine foi trabalhar com uma equipe de médicos e assistentes indianos, em vez dos britânicos, entre eles Chowdry, Ghose, Chatterjee e Dutt. E Haffkine tinha um novo truque na manga no mundo da vacinologia: injetar-se publicamente para provar que achava que sua preparação era segura.

“O que é notável, e muitas vezes se perde na história, é que depois da resistência inicial as pessoas começaram a fazer fila nas favelas de Calcutá para a vacina de Haffkine contra a cólera. Elas passavam o dia inteiro na fila”, diz Pratik Chakrabarti, professor e presidente de História da Ciência e Medicina da Universidade de Manchester.

“Ele passava horas e dias inteiros nessas favelas trabalhando com médicos indianos. Começava a vacinar de manhã, antes que as pessoas fossem trabalhar, e continuava depois que voltavam à noite, sentadas perto de uma lamparina na favela.”

O trabalho de Haffkine nas favelas de Calcutá o colocou entre um seleto grupo de cientistas que foram os pioneiros em uma mudança profunda e global na maneira como as doenças eram compreendidas e tratadas. Mas ao contrário do pioneiro da vacinação, Edward Jenner, que atuou antes dele, e de Jonas Salk, que atuou depois, o nome de Haffkine nunca entrou realmente na memória do público, seja na Índia ou na Europa.

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Encantamentos feitos contra a peste em Mumbai

“Haffkine foi a primeira pessoa a trazer esse tipo de medicamento de laboratório para um país tropical como a Índia”, afirma o professor Chakrabarti. “Ele era um cientista parisiense que veio para as favelas de Calcutá, com uma história muito dramática.”

Antissemitismo

Quando Haffkine se formou em zoologia na Universidade de Odessa, em 1884, foi impedido de assumir o cargo de professor por ser judeu. Ele já havia enfrentado problemas políticos cinco anos antes, quando, como membro de uma liga de defesa local, lutou para impedir que cadetes do Exército russo destruíssem a casa de um judeu. Haffkine foi espancado e preso, mas acabou libertado.

Em 1888, Haffkine deixou seu país natal e encontrou seu caminho para um emprego de professor de curta duração em Genebra e depois em Paris, onde assumiu o cargo de bibliotecário-assistente no Instituto Louis Pasteur — então o principal centro mundial de pesquisa em bacteriologia. Em seu tempo livre na biblioteca, Haffkine tocava violino ou fazia experiências no laboratório de bacteriologia.

Com base no trabalho de Pasteur e Jenner, Haffkine descobriu que, ao passar bacilos da cólera pela cavidade peritoneal de porquinhos-da-índia, ele poderia produzir uma cultura de cólera fortalecida, que poderia depois atenuar usando o calor. Uma injeção da bactéria atenuada, seguida depois por uma injeção da bactéria fortalecida, pareceu imunizar as cobaias contra um ataque letal da doença.

Até aquele ponto, doenças como a cólera eram consideradas em termos miasmáticos, ou seja, atribuídas ao ar podre, e enfrentadas com o que se chama de “tratamentos de amplo espectro”. (“Você coloca alguém na banheira e o vaporiza até que ele esteja meio morto, ou borrifa ácido carbólico em todos os lugares”, descreve Chakrabarti, da Universidade de Manchester).

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Instituto Pasteur em Paris, onde Haffkine desenvolveu sua vacina contra cólera em 1892

Mas o trabalho de Haffkine e de outros mirava o combate a doenças, por meio de vírus ou bactérias que poderiam ser cultivados e atenuados, usando mais precisamente o corpo.

Uma semana após seu sucesso com cobaias em Paris, Haffkine replicou os resultados com coelhos e pombos. Foi então que considerou que estava pronto para testes em humanos.

Em 18 de julho de 1892, Haffkine arriscou a vida injetando-se com cólera atenuada. Ele teve febre por vários dias, mas se recuperou totalmente, e começou a vacinar três amigos russos e vários outros voluntários. Quando nenhum deles sofreu uma reação pior, Haffkine se convenceu de que tinha uma vacina viável para testes mais amplos.

Mas ele precisava de um lugar infestado de cólera para realizar grandes testes em humanos. Em 1893, Lord Frederick Dufferin, então embaixador britânico em Paris e ex-vice-rei da Índia, ouviu falar da pesquisa de Haffkine e sugeriu que ele fosse para Bengala, na Índia.

Depois que os experimentos de Haffkine nos vilarejos de Calcutá no ano seguinte renderam resultados promissores, ele foi convidado por proprietários de plantações de chá em Assam para vacinar seus trabalhadores. O zoólogo conduziu testes em grande escala com milhares de trabalhadores de plantações, mas no outono de 1895 ele contraiu malária e foi forçado a retornar à Inglaterra para se recuperar. De acordo com seus registros, ele já havia vacinado cerca de 42 mil pessoas contra o cólera.

Haffkine observou mais tarde que, embora sua vacina parecesse reduzir os casos, ela não parecia reduzir a mortalidade dos infectados. Quando ele retornou à Índia em 1896, planejou resolver essa fraqueza testando uma nova fórmula dupla que havia desenvolvido. Mas havia um problema mais urgente em Mumbai que afastaria Haffkine do cólera para sempre.

Pedido de ajuda

A terceira pandemia de peste começou em Yunnan, na China, em 1894. Ela se espalhou até a Hong Kong britânica e de lá, por navio mercante, até a movimentada metrópole costeira de Mumbai, na então Índia Britânica, onde o primeiro caso foi descoberto em setembro de 1896 nas instalações de um comerciante de grãos nas docas da cidade.

No início, o governo britânico minimizou a gravidade do surto, ansioso para manter uma cidade portuária chave aberta para negócios. Mas a doença atingiu as favelas densamente povoadas de Mumbai, e a taxa de mortalidade quase o dobro da cólera fez o número de mortos disparar.

O governador pediu ajuda a Haffkine, que viajou para Mumbai, onde se instalou em uma pequena sala e um corredor, com um escriturário e três assistentes não treinados, e recebeu a tarefa de criar do zero a primeira vacina contra a peste do mundo.

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Mulher acompanha seu filho doente em um hospital indiano

“Ele não tinha muito em termos de espaço, mão de obra ou instalações, mas foi a primeira vez que ele trabalhou de forma independente e tinha seu próprio laboratório”, disse Chandrakant Lahariya, epidemiologista de Delhi. “Ele sabia que desenvolver uma vacina contra a peste em ritmo recorde o tornaria um dos principais cientistas de sua época.”

Haffkine trabalhou incansavelmente naquele inverno. Ele descobriu que se colocasse bacilos da peste em um caldo nutritivo ao qual acrescentara uma pequena quantidade de manteiga clarificada ou óleo de coco, os bacilos formariam um crescimento característico de estalactite, criando micróbios e produtos tóxicos colaterais. Ele estava usando a mesma abordagem que havia criado para o novo tratamento do cólera, combinando os micróbios com os produtos tóxicos que eles produziam para formar uma vacina de injeção única.

Em dezembro, Haffkine inoculou coelhos com sucesso contra um ataque de peste, e em janeiro de 1897 ele estava pronto mais uma vez para testar uma nova vacina para uma doença mortal em seres humanos.

Em 10 de janeiro de 1897, Haffkine injetou-se com cerca de 10 ml de sua preparação, uma dose significativamente mais alta do que os quase 3 ml que planejava usar em testes mais amplos. Ele teve uma febre forte, mas se recuperou após vários dias.

No final daquele mês, um surto de peste ocorreu na penitenciária Byculla de Mumbai, que abrigava centenas de presos. Haffkine foi lá para fazer testes controlados. Inoculou 147 prisioneiros e deixou 172 sem tratamento. Houve 12 casos e seis mortes entre os não tratados e apenas dois casos e nenhuma morte entre os tratados.

O aparente sucesso na prisão de Byculla desencadeou uma rápida expansão da produção e dos testes e Haffkine foi transferido de seu pequeno laboratório de uma sala para um bangalô do governo e, em seguida, para um grande chalé de propriedade do líder espiritual Aga Khan, que também se ofereceu como voluntário e milhares de membros de sua comunidade Khoja Mussulman para vacinação.

Em um ano, centenas de milhares de pessoas foram vacinadas com a vacina de Haffkine, salvando um número incontável de vidas. Ele foi nomeado cavaleiro pela rainha Vitória e, em dezembro de 1901, foi nomeado diretor-chefe do Laboratório de Pesquisa de Praga na Casa do Governo em Parel, em Mumbai, com novas instalações e uma equipe de 53 pessoas.

Mas então um desastre aconteceu.

Em março de 1902, na aldeia de Mulkowal em Punjab, 19 pessoas morreram de tétano após serem inoculadas com a vacina de Haffkine. Os outros 88 vacinados naquele dia estavam bem. Todas as evidências pareciam apontar para uma contaminação fatal do frasco 53N, preparado 41 dias antes no laboratório de Parel.

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Cólera se espalhava com facilidade em vilarejos como este de Calcutá, fotografado na década de 1890

Uma comissão do governo indiano foi encarregada de investigar e descobriu que a Haffkine havia mudado o procedimento para esterilizar a vacina contra a peste, usando calor em vez de ácido carbólico para acelerar a produção. O método do calor estava em uso com segurança havia dois anos no Instituto Pasteur, líder mundial do setor, mas não era familiar aos britânicos, e em 1903 a comissão concluiu que a garrafa 53N deve ter sido contaminada no laboratório de Haffkine em Parel.

Haffkine foi demitido como diretor do laboratório de pragas e colocado em licença do Serviço Civil Indiano.

Derrocada

Devastado pela situação, Haffkine deixou a Índia e viajou para Londres. Ele desenvolveu uma vacina contra a peste em velocidade impressionante e foi nomeado cavaleiro pela rainha, mas de repente se viu escanteado. Era uma posição com a qual ele não estava totalmente familiarizado.

“Havia muito preconceito naquela época, muito preconceito”, diz Barbara Hawgood, conferencista que publicou um artigo acadêmico sobre a carreira de Haffkine. “Ele não era médico, então não era um deles. Havia muita arrogância nisso.”

Eli Chernin, professor de saúde pública da Universidade Harvard que estudou a correspondência de Haffkine, escreveu que “não era evidente nos arquivos que Haffkine foi abertamente vitimado pelo anti-semitismo”, mas “seria ingênuo pensar que a burocracia eduardiana foi totalmente sem influência por Haffkine ser um judeu”.

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Equipes desinfetam casas de pessoas doentes em Mumbai

E Haffkine enfrentou batalhas menores e mais privadas, segundo Chernin, lutando para se expressar facilmente em inglês. Por trás das cartas que escreveu nessa época, mesmo para seus amigos, havia rascunhos que eram “massas quase indecifráveis ​​de rabiscos, entretelas e riscados, todos depois cuidadosamente transcritos”.

Em 1904, dois anos após a suspensão de Haffkine, a peste atingiu seu pico na Índia, matando 1.143.993 pessoas naquele ano. A vacina de Haffkine era a “principal linha de defesa”, disse Hawgood, mas seu criador estava em Londres lutando por sua honra.

Quatro anos depois do desastre, em 1906 o governo indiano finalmente publicou seu inquérito completo declarando Haffkine culpado. Ao ler os calhamaços de documentos, WJ Simpson, professor do King’s College, em Londres, escreveu uma carta ao British Medical Journal argumentando veementemente que as evidências apontavam para uma contaminação acidental do frasco 53N no local de inoculação em Punjab.

Primeiro, nenhum cheiro foi registrado na garrafa quando ela foi aberta, ao passo que uma cultura desenvolvida de tétano teria produzido um odor desagradável e distinto, escreveu ele.

Em segundo lugar, quando a garrafa foi examinada 15 dias depois, havia apenas uma má cultura de tétano. “Se a garrafa tivesse sido contaminada em Mumbai”, a comissão “teria encontrado nos resíduos da garrafa uma cultura rica em vez de pobre”, escreveu Simpson.

Terceiro, o tétano desenvolveu-se lentamente nas 19 pessoas que morreram, ao longo de sete a 10 dias, indicando uma infecção fraca começando no dia da inoculação. Com uma cultura bem desenvolvida já na garrafa, eles “teriam sido atacados por um tétano da variedade fulminante”.

E talvez o mais importante, os documentos revelaram que o assistente que abriu o frasco 53N deixou cair sua pinça no chão e não conseguiu esterilizá-la adequadamente antes de usá-la para remover a rolha da garrafa.

Haffkine foi submetido a uma “grave injustiça”, concluiu Simpson. Depois que sua carta foi publicada, outros apoiaram a causa de Haffkine. Em quatro cartas mordazes ao jornal The Times, o ganhador do Nobel Ronald Ross acusou os britânicos de “desrespeito pela ciência” e advertiu que, a menos que a decisão contra Haffkine fosse revogada, o governo da Índia seria culpado de uma “grosseira ingratidão a um dos seus maiores benfeitores”.

Ross também emitiu outro alerta, que ressoa nos tempos atuais – que se a conclusão fosse deixada de que o frasco 53N estava contaminado no laboratório, isso ameaçava minar a confiança pública nas vacinas em um momento em que pelo menos 50 mil pessoas morriam de peste todas as semanas.

Redenção incompleta

Haffkine foi finalmente exonerado da acusação em novembro de 1907, depois que a campanha de Simpson e Ross levantou a questão no Parlamento britânico. Haffkine recebeu licença para voltar ao emprego na Índia e voltou com alegria como diretor-chefe do Laboratório Biológico de Calcutá.

Mas sua redenção foi incompleta — ele foi impedido de realizar qualquer experimento, limitando-se à pesquisa teórica. “Toda a punição injusta em Mulkowal foi aplicada e permanece sobre mim como antes”, escreveu ele em uma carta para Ross. “Em todas as ocasiões, na impressão e na fala, é repetido e mantido vivo que fui e sou o responsável pelo caso.”

Os sete anos seguintes foram um período de descanso para Haffkine. Dos 30 artigos que produziu durante sua vida, apenas um foi publicado entre 1907 e 1914. Ele voltou brevemente ao estudo da cólera e se interessou em desenvolver uma nova vacina “desvitalizada” — um método que mais tarde seria amplamente utilizado — mas seus repetidos pedidos ao governo indiano para a realização de experimentos foram recusados.

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Selo indiano em homenagem a Waldermar Haffkine

Em 1914, aos 55 anos, Haffkine aposentou-se do serviço público indiano e deixou o país. O desastre de Mulkowal estava marcado nele e lhe causou um dano permanente e irreparável.

“Mulkowal é sua história final”, afirma Pratik Chakrabarti. “Isso influencia seu legado. Ele deixou a Índia abatido e não se tornou uma figura pública. Ele se perdeu na história.”

Haffkine “deveria ser muito mais conhecido”, diz Barbara Hawgood. “Ele realmente era um bacteriologista muito bom.”

Entre 1897 e 1925, 26 milhões de doses da vacina anti-peste de Haffkine foram enviadas de Mumbai. Os testes de eficácia da vacina mostraram uma redução entre 50% e 85% na mortalidade. Mas “nenhum número” pode ser precisamente calculado sobre o número de vidas que ele salvou, explica Hawgood. “Os números são enormes.”

Haffkine voltou para a França e dedicou o resto de sua vida à fé, tornando-se cada vez mais ortodoxo e estabelecendo uma base para promover a educação judaica na Europa Oriental. Ele nunca se casou e viveu seus últimos anos sozinho em Lausanne, na Suíça. Ele era um “homem erudito, solitário e bonito, de poucas palavras, que permaneceu solteiro”, escreveu o bacteriologista indiano HI Jhala.

Haffkine morreu em Lausanne em 1930, aos 70 anos. Um curto obituário circulado pela Agência Telegráfica Judaica notou que sua vacina contra a peste foi “adotada em toda a Índia” e seu laboratório “distribuiu milhares de doses para vários países tropicais”. A nota também citava Lord Lister, o grande bacteriologista britânico e pioneiro da cirurgia anti-séptica, que chamava Haffkine, simplesmente, de “o salvador da humanidade”.

O laboratório de duas salas onde Haffkine desenvolveu pela primeira vez sua vacina contra a peste agora faz parte do Grant Medical College e do Sir JJ Group of Hospitals, em Mumbai. Mais de cem anos após a descoberta de Haffkine lá, o hospital está desempenhando um papel na luta da Índia contra outra pandemia: o novo coronavírus.

“Ele inspirou tantos cientistas a iniciarem pesquisa de vacinas no início do século 20, mas de alguma forma suas contribuições foram esquecidas”, afirma Lahariya. “Nunca devemos esquecer que a Haffkine fez uma vacina viável em um laboratório de duas salas com uma equipe muito pequena. É quase inacreditável”.

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Waldemar Haffkine morreu em 1930, sem o reconhecimento integral de sua importância

O nome de Haffkine vive de certa forma. Em 1925, cinco anos antes de sua morte, o governo indiano foi pressionado por alguns de seus apoiadores para renomear o laboratório Parel como “Instituto Haffkine”. O governo concordou, e o nome permanece até hoje.

Quando Haffkine recebeu uma carta informando-o da mudança, ele escreveu de volta ao então diretor do laboratório, o tenente-coronel Mackie e sua equipe, não demonstrando nenhum traço de amargura pelos muitos anos passados ​​à sombra do desastre de Mulkowal.

“Estou muito grato ao cel. Mackie pelo nome dado ao Laboratório Parel”, escreveu Haffkine.

“O trabalho em Mumbai reuniu os melhores anos da minha vida e não preciso explicar o quanto sinto tudo relacionado a ele. Desejo prosperidade ao instituto como um centro ativo de trabalho em nome da organização de saúde do país, e envio bênçãos a todo o seu pessoal.”

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Fonte: BBC