Rede de brasileiros afiliados com a Al Qaeda é incluída na lista de terrorismo dos EUA

Na semana passada, o governo dos Estados Unidos formulou uma lista de sanções que designaram uma rede brasileira de indivíduos afiliados à Al Qaeeda e suas empresas por apoio ao grupo terrorista. A ação foi tomada de acordo com a autoridade antiterrorismo do Tesouro e a Ordem Executiva (E.O) 13224. Em setembro de 2001, foi assinada a E.O. 13224, que classificou a Al-Qaeda como um grupo terrorista global especialmente designado. 

Com essa lista todos os bens e interesses pertencentes ao grupo e que estejam nos EUA ou na posse ou controle de pessoas norte-americanas irão ser bloqueados e reportados à Agência de Controle de Ativos Estrangeiros.

Além disso, estão proibidas todas as transações feitas por americanos que envolvam qualquer propriedade nas mãos de pessoas designadas ou bloqueadas.  Bancos brasileiros não poderão autorizar que essas pessoas abram conta em suas sedes americanas, sob pena de sanção. Terão suas contas bloqueadas nos EUA, Haytham Ahmad Shukri Ahmad Al-Maghrabi, 35, egípcio naturalizado brasileiro, Mohamed Sherif Mohamed Awadd, 48, de nacionalidade egípcia e síria, e Ahmad Al-Khatib, 52, de nacionalidade egípcia e libanesa.

Também são alvo de sanções às empresas Home Elegance Comércio de Móveis, cujo nome fantasia é Marrocos Móveis e Colchões, e Enterprise Comércio de Móveis e Intermediação de Negócios, localizadas em Guarulhos e pertencentes a Awadd e Al-Khatib.  De acordo com o governo norte-americano, a suspeita é que os três teriam patrocinado e fornecido tecnologia para ajudar a facção terrorista Al Qaeda.  Segundo informações divulgadas pelas autoridades, Al-Maghrabi, que chegou ao Brasil em 2015, foi um dos primeiros membros de uma das redes da Al Qaeda no país.

De acordo com informações, Al-Maghrabi teria mantido contato e negócios com outra pessoa filiada à organização no Brasil. Ainda há suspeita de que ele teria sido, até 2018, o contato do grupo no país. Ele teria se reportado a Ahmed Mohamed Hamed Ali, egípcio ligado aos atentados da Al Qaeda contra as embaixadas americanas na Tanzânia e no Quênia em 1998, que causaram mais de 200 mortes. Ele morreu em 2010, no Paquistão. O governo ainda alega que Awadd chegou ao Brasil por volta de 2018 e recebeu transferências bancárias de outros filiados da Al Qaeda em território brasileiro.  As informações ainda dão conta de que Awadd e Al-Khatib forneceram apoio financeiro e tecnológico para Mohamed Ahmed Elsayed Ahmed Ibrahim, incluído na lista de terrorismo do Tesouro americano em 2019 “por ter agido em favor ou em nome da Al Qaeda”.

Andrea Gacki, diretora do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro, afirmou que essas evidências de atividades da facção no Brasil mostram que a Al Qaeda ainda é uma ameaça global.  Em pronunciamento, Khatib disse:  “Não tenho nada a ver com a Al Qaeda, nem existe Al Qaeda no Brasil, esse pessoal dos EUA tem imaginação hollywoodiana”, afirmou. Ele é um xeque mulçumano que mora no Brasil há 32 anos e preside a organização Associação Livro Aberto, que recebe refugiados sírios. A Operação Hashtag o investigou em 2016, para apurar um suposto esquema para fazer um atentado nas Olimpíadas do Rio.  O governo americano afirmou que teve colaboração de autoridades brasileiras. Em 2019, um cidadão egípcio que vivia no Brasil foi incluído na lista de terrorismo dos EUA por suposta ligação com a facção terrorista. Porém, seu nome foi retirado porque ele não estava mais foragido e foi interrogado pelo FBI.

Fonte: Brazilian Press