Republicanos: Coronavírus poderá prejudicar Trump na reeleição de 2020

donald trump andrew swift Republicanos: Coronavírus poderá prejudicar Trump na reeleição de 2020
Depois de inicialmente menosprezar a gravidade do vírus, Trump tem agido agressivamente no combate à disseminação da doença

A disputa presidencial, uma vez focada em questões como mudança climática, desigualdade de renda e até ressarcimentos, mudou o foco da nação para o vírus

“Ele não está concorrendo contra Joe Biden, ele está competindo com um vírus e as consequências negativas disso”, disse o ex-estrategista da Casa Branca, Steve Bannon, enfatizando que o surto e seus danos são potencialmente a ameaça mais completa já enfrentada pelos Estados Unidos. “Você pode ter uma crise financeira, uma grande depressão econômica e uma batalha contra um vírus tudo simultaneamente… Hoje, é novembro. (Trump) será avaliado e medido pela população americana sobre como ele lida com a crise”.
Um membro da equipe de campanha de Trump foi mais objetivo ao dizer: “Se ele bagunçar o estímulo econômico com relação ao coronavírus, ele perde”.

“O maior quesito para Trump vencer a reeleição sempre foi a economia. Caso a economia vá bem e permaneça desse jeito, ele poderia conquistar fácil a reeleição. Caso nós atinjamos a marca de 20% de desemprego como o Tesouro Nacional está projetando, será difícil dizer que a economia está bem”, acrescentou.

As pesquisas de opinião revelam resultados mistos. Um estudo realizado pela ABC/Ipsos, na sexta-feira (20), revelou que 55% da população aprova a forma com que Trump está lidando com o coronavírus, enquanto que 43% desaprova; um resultado quase oposto da mesma pesquisa realizada uma semana antes. Entretanto, o nível de aprovação em geral do Presidente caiu desde o processo de impeachment de 49% para 44% depois do surto de coronavírus, revelou o Gallup.

Na terça-feira (17), o secretário do Tesouro Nacional, Steve Mnuchin, alertou para o possível índice de 20% de desemprego, caso o estímulo econômico em decorrência do coronavírus não passe no Congresso.

“Eu não estou dizendo de forma alguma que eu penso que teremos isso. Trata-se simplesmente de um comentário matemático”, esclareceu ele um dia depois.

Entretanto, mercados financeiros despencaram. Ganhos históricos na Dow Jones Industrial Average e S&P 500 Index durante o governo de Trump foram zerados numa questão de dias. O fechamento de bares e restaurantes criaram uma avalanche instantânea de desemprego.
“Todos levam isso extremamente sério”, disse um membro da campanha de reeleição Trump-Pence 2020. “Trata-se de uma catástrofe natural. A questão é qual será o prejuízo a longo e médio prazo. Há tanta incerteza, nós nunca passamos por isso antes. Nós nunca tivemos o fechamento total da economia dos EUA antes”.

Depois de inicialmente menosprezar a gravidade do vírus, chamando-o de “problema pequeno” que estava “totalmente sob controle” há poucas semanas, Trump tem agido agressivamente no combate à disseminação da doença.

O governo suspendeu as viagens entre os EUA e Europa e declarou emergência nacional, liberando bilhões de dólares em ajuda federal para combater o surto. Na quinta-feira (19), Trump assinou um pacote de estímulo no combate ao coronavírus, garantindo testes gratuitos e férias de emergência pagas. Ajuda adicional, incluindo cheques prováveis de US$ 1.200 para todos os estadunidenses que ganham menos de US$ 75 mil por ano e uma série de novos cortes de impostos corporativos, está em andamento.

“É uma guerra”, disse Trump durante uma coletiva de imprensa nesta semana, ao descrever como ele via a luta contra os coronavírus daqui para frente. “Eu vejo isso como, de certo modo, um presidente em guerra”.

A disputa presidencial, uma vez focada em questões como mudança climática, desigualdade de renda e até ressarcimentos, mudou o foco da nação para o vírus.

“Este será inegavelmente o maior problema nas eleições”, disse o estrategista do Partido Republicano (GOP), Luke Thompson. “A presidência dele afunda ou navega dependendo da forma com que ele lida com isso”.

Alguns estrategistas disseram que o vírus ofereceu uma oportunidade para o Presidente demonstrar liderança e competência e que uma resposta federal eficiente garantiria um segundo mandato.

“O Franklin Delano Roosevelt (FDR) ganhou a reeleição em 1936, quando o desemprego era de 17%, porque as pessoas pensavam que ele estava lutando por eles”, disse o consultor político do Partido Republicano, Ryan Girdusky.

“O argumento de Trump será: Sou eu contra as notícias falsas, os obstrucionistas democratas e o vírus da China”, disse o ex-assessor presidencial de 2016, Sam Nunberg. “Eventualmente, as pessoas ao redor dele começarão a dizer que os chineses fizeram isso para tentar afundá-lo. Ele tem um ótimo bicho-papão como resultado disso. Trump ama conflitos”.

“Em geral, nunca menospreze Donald Trump”, acrescentou Nunberg.

Fonte: Brazilian Voice