Relato de superação da brasileira Maria do Prado de Luca, que reside em Clearwater Beach – próximo a Orlando – que deixou o Brasil para proteger os filhos da violência e das drogas. “Cheguei nesse país com dois filhos pequenos, sem falar o inglês, e só então pude entender os desafios de ser imigrante”
Da Redação
Com dois filhos já adultos – Angelo, de 33 anos e Mateus, de 28 anos –, a brasileira Maria do Prado de Luca, reside em Clearwater Beach – próximo a Orlando –, e tem uma trajetória superação exemplar, hoje atuando como massagista, no “Sharmaines Salon &Day SPA” – profissional licenciada na Flórida -, atendendo seleta clientela de americanos. E quando indagada sobre os pontos que marcaram sua chegada aos EUA, ela sorri, hesita, mas a resposta é enfática: “Foi um ato de coragem, não sei se o faria novamente. Vim com a cara e a coragem! Cheguei nesse país com dois filhos pequenos, sem falar o inglês, e só então pude entender os desafios de ser imigrante.”
Aos 65 anos, cumpre uma agenda de atendimento no SPA três vezes na semana, com procedimentos de extrema importância para a saúde mental e física dos clientes, ajudando a diminuir a tensão muscular e o controle do estresse e da ansiedade. “A massagem também melhora o sistema imunológico e a circulação sanguínea. Tem efeitos benéficos para o coração e a pressão arterial.”
Natural de Paulínia (SP), lembra Maria que o que o pesou na decisão de deixar o Brasil foi o futuro dos filhos. “Não tive escolha, se meus filhos ficassem no Brasil, certamente seriam aliciados pela violência, pelas drogas e eu não queria que isso ocorresse”, fala com convicção.
Contando apenas com o incentivo de uma amiga em Port Chester, em Nova York, deixou tudo para trás, após conseguir o visto em São Paulo. Ela chegou a Nova York em janeiro de 2001 – meses antes do ataque terrorista ao “World Trade Center”.
“Desembarquei no Texas, e a oficial de imigração indagava o porquê de seu estar desembarcando no Texas com duas crianças, que eu deveria ir para Orlando. Não sabia como responder. E quando ela nos liberou, corri com meus filhos pelo aeroporto, temia que alguém pudesse nos parar”, ressalta.
“…poderia ficar por quinze dias”
“A minha amiga, em Nova York, morava em um baseman e a dona da casa não permitia que mais pessoas morassem lá. Minha amiga me disse que eu poderia ficar por quinze dias, mas que a proprietária não poderia saber. Eu tinha que ficar na rua com duas crianças pequenas, e só poderia entrar no baseman depois das dez da noite. Não tinha o que fazer, para onde ir. Eu entrava em um McDonald’s e ficava lá, tomando água, com duas crianças, sem dinheiro, até poder voltar para o baseman.”
Foram tempos difíceis quando trabalhou na faxina, mais tarde, em 2015, se mudando para a Flórida para exercer de fato a sua profissão de massagista – após obter licença. “Hoje os meus filhos estão encaminhados, adultos, trabalhando em empresas renomadas. Já sou vovó e tenho muito orgulho de minha história de vida.”
“Como é preciso ser forte, ter determinação para vencer nesse país. Fiz amigos incríveis, tenho meus clientes e só tenho que agradecer a Deus pela oportunidade de estar nos Estados Unidos. Foi uma escolha, e as nossas escolhas exigem coragem”, finaliza.
Fonte: Nossa Gente