Ativistas deixam galões de água potável nas rotas utilizadas por imigrantes no deserto em Cabeza Prieta National Wildlife Refuge
Natalie Hoffman, Oona Holcomb, Madeline Huse e Zaachild Orozco McCormick, atuam na ONG chamada “No More Deaths”
Um juiz federal no Arizona considerou 4 mulheres culpadas por deixarem kits de sobrevivência no deserto, na fronteira dos EUA com o México. O veredito é o primeiro contra ativistas humanitários na última década.
As 4 mulheres, Natalie Hoffman, Oona Holcomb, Madeline Huse e Zaachild Orozco McCormick, atuam na ONG chamada “No More Deaths” (Chega de mortes, em tradução livre), e deixaram garrafas d’água e alimentos enlatados no Cabeza Prieta National Wildlife Refuge. Conforme a organização, cerca de 155 corpos foram encontrados no deserto desde 2001, incluindo 32 somente em 2017. O objetivo da ONG é reduzir o número de mortes entre os imigrantes que cruzam a área, entretanto, é necessário licenças para entrar na região.
Na próxima semana, as ativistas serão sentenciadas e enfrentam multas de US$ 500 e até 6 meses de prisão. Além disso, mas outros 5 ativistas enfrentam acusações similares e serão julgados nos próximos meses.
O Juiz Bernardo Velasco descreveu o refúgio como “poluído com munições militares não detonadas, detritos de entrada ilegal nos Estados Unidos e trafego fora e nas estradas das viaturas da Patrulha na Fronteira (CBP) na tentativa de deter estrangeiros clandestinos e imigrantes indocumentados”, ao explicar porque as pessoas precisam de licenças emitidas pelo Ministério do Interior para entrar na área. O No More Deaths tiveram os pedidos de licença negados quando tentaram fazê-lo antes.
O grupo de ativistas tem documentado que os patrulheiros do CBP tem destruído a água e alimentos que foram deixados no deserto para os imigrantes, incluindo 3.856 galões de água no período de 4 anos. As autoridades responsáveis pela área do refúgio adotaram a política que proíbe deixar alimentos, água, cobertores, remédios de 1º socorros ou outra ajuda humanitária.
O Departamento Federal de Peixes & Vida Selvagem descreve o refúgio como “grande e selvagem”, acreditando que a área “pode ser incrivelmente hostil para aqueles que necessitam de água para sobreviver”.
A voluntária veterana Catherine Gaffney disse através de um comunicado que “esse veredito desafia não somente os voluntários do ‘No More Deaths’, mas as pessoas de consciência em todo o país. Se dar água para alguém que está morrendo de sede é ilegal, qual é a humanidade que resta nas leis deste país?”
Fonte: Brazilian Voice