Após protestos e boicote, Bolsonaro cancela vinda a NY para homenagem

Foto16 Jair Bolsonaro Após protestos e boicote, Bolsonaro cancela vinda a NY para homenagem
Bolsonaro receberia o prêmio “Personalidade do Ano 2019” pela Câmara de Comércio EUA-Brasil, em Nova York
Foto16 Brad Hoylman Após protestos e boicote, Bolsonaro cancela vinda a NY para homenagem
“O ódio não tem lugar em Nova York”, celebrou o senador estadual Brad Hoylman

O Presidente do Brasil receberia o prêmio “Personalidade do Ano 2019” em jantar de gala que será organizado pela Câmara de Comércio EUA-Brasil

Depois de gerar polêmica, o Presidente Jair Bolsonaro cancelou a viagem que faria à Nova York, onde na terça-feira (14) receberia o prêmio “Personalidade do Ano 2019”, no jantar de gala anual organizado pela Câmara do Comércio EUA-Brasil. A desistência foi divulgada na sexta-feira (3). Em uma nota assinada pelo porta-voz da Presidência da República, Otávio Santana do Rêgo Barros, a administração atual creditou a desistência às pressões “de grupos de interesses sobre as instituições que organizam, patrocinam e acolhem em suas instalações o evento anualmente”.

Inicialmente, o Museu de História Natural de Nova York (MNH) agendou, mas posteriormente recusou-se a abrigar o evento. A administração da instituição, localizada no coração de Manhattan (NY), alegou que não era “o local apropriado”, tendo como base a agenda do atual governo brasileiro. Anteriormente, Bill de Blasio, prefeito de Nova York, durante uma entrevista de rádio, chamou Bolsonaro de “perigoso”, “racista” e “homofóbico”.

Após o comentário de Blasio, grupos defensores dos direitos dos gays, lésbicas e transexuais (LGBT) se mobilizaram, posteriormente, a empresa aérea Delta, a firma de consultoria Bain & Company e, finalmente, o jornal Financial Times, um dos principais patrocinadores do jantar de gala, cancelaram o apoio. O ingresso para o evento custa em média US$ 30 mil por pessoa.

. Senador comemora a desistência do “mito”

Através do Twitter, o senador estadual Brad Hoylman celebrou a desistência de Bolsonaro em receber o prêmio “Personalidade do Ano 2019” em Nova York.

“Nós vencemos. Conforme a mídia brasileira, ele desistiu do evento no Marriott Marquis e cancelou a viagem dele aos EUA. O ódio não tem lugar em Nova York. #CancelBolsonaro”, postou Hoylman no Twitter.

“Mais de 50.000 pessoas assinaram a nossa petição #CancelBolsonaro. Vamos continuar se ele mudar de ideia”, disse o Senador em outra postagem.

. Empresas cancelaram o patrocínio:

A Delta Air Lines e pelo menos outra empresa se afastaram do evento que pretendia homenagear o Presidente Jair Bolsonaro em Manhattan (NY). Ele receberia o prêmio “Personalidade do Ano 2019” da Câmara de Comércio EUA-Brasil durante um jantar no hotel Marriott Marquis, na terça-feira (14). Figura política de extrema direita, Bolsonaro venceu as eleições presidenciais no Brasil por ampla margem em 2018. Entretanto, ele também é controverso e tem sido fortemente criticado pelos comentários homofóbicos, racistas e misóginos.

A Delta (DAL) e a Bain & Company, uma empresa de consultoria de gestão, estavam entre os patrocinadores do evento. Eles anunciaram na terça-feira (30) que não estariam mais envolvidos. A Delta evitou comentar o assunto e somente confirmou a decisão. Já a Bain informou num comunicado que “encorajar e celebrar a diversidade é um princípio básico da empresa” e, embora a companhia continue apoiando a Câmara de Comércio EUA-Brasil, ela decidiu não patrocinar o jantar de gala anual Personalidade do Ano 2019.

O jornal Financial Times supostamente cancelou seu envolvimento também, de acordo com a CNBC, que divulgou a notícia, na terça-feira (30). Uma série de outras empresas, incluindo o Bank of America, Merrill Lynch, Bank of New York, Mellon, BNP Paribas, Citigroup, Forbes, HSBC, JP Morgan, UBS, Credit Suisse e o Morgan Stanley assinaram como patrocinadores do evento. O Bank of America, Credit Suisse e o BNY Mellon se recusaram a comentar sobre seus papéis no evento.

O Marriott International, entretanto, disse à CNN Business que “a diversidade e a inclusão fazem parte da cultura e das operações do nosso hotel”. A empresa tem o histórico de priorizar a inclusão LGBT.

“Nós recebemos todos há mais de 90 anos e nos concentramos em colocar as pessoas em primeiro lugar”, disse a rede hoteleira em um comunicado. “Somos obrigados por lei a aceitar negócios, mesmo que entrem em conflito com os nossos valores. A aceitação dos negócios não indica apoio ou endosso de qualquer grupo ou indivíduo”.

O Bolsonaro, às vezes, chamado de “Trump dos Trópicos”, foi eleito em outubro e assumiu o cargo no início deste ano. Antes de ser eleito, ele disse a uma congressista que ela não merecia ser estuprada porque era “muito feia”, informou a TV Globo. Certa vez ele disse publicamente que preferia ver seu filho “morrer em um acidente” do que ter um membro de sua família homossexual. Além disso, ele também tem sido amplamente criticado por suas políticas que incluem a eliminação de proteções para a floresta amazônica, uma área ambientalmente que é frequentemente chamada de “Pulmões do Mundo”.

A Câmara de Comércio EUA-Brasil informou em seu website que Bolsonaro estaria sendo homenageado por sua “firme intenção de promover laços comerciais e diplomáticos mais estreitos entre o Brasil e os Estados Unidos”. Entretanto, a entidade não comentou sobre a decisão da Delta e da Bain de desistirem do evento.

O protesto contra o recebimento do prêmio Personalidade do Ano foi liderado por grupos ambientalistas e ativistas LGBTQ, incluindo o GLAAD. O Museu Americano de História Natural, em Manhattan, onde a cerimônia de premiação foi originalmente programada, abandonou os planos em meio às críticas das ONGs.

Nos últimos anos, as corporações têm se tornado cada vez mais dispostas a assumir posições públicas sobre questões de justiça social e boicotar eventos ou patrocínios. Em 2018, por exemplo, mais de uma dúzia de empresas rescindiram suas ofertas de desconto para os membros da Associação Nacional do Rifle (NRA), depois que o poderoso grupo lobista se opôs à reforma do controle de armas, após uma chacina ocorrida naquele mesmo ano.

Fonte: Brazilian Voice