Com bolsa para curso em Miami, bailarino carioca de 9 anos tem novamente visto negado

Pela segunda vez, o menino Bernardo Régis, de nove anos, teve o sonho de fazer aula e dançar balé nos Estados Unidos negado. Morador do Rio de Janeiro, o bailarino e sua mãe, Carla Batista Mendes, tentaram o visto no Consulado americano no Rio de Janeiro novamente na quinta-feira, 28, que foi negado.

“Amo o que eu faço, minha vida se resume em uma só palavra. Ballet. E terei o maior prazer em poder representar o meu país e a minha cidade, fazendo o meu melhor”, descreve o garoto sobre o seu sonho na campanha criada logo após o convite que arrecadou fundos para a vinda aos EUA.

Bailarino na escola de dança Alice Arja na cidade do Rio desde os 7 anos, em setembro do ano passado Bernardo foi selecionado por meio da escola para participar de um concurso de ballet em St Petersburg (FL) que vai ocorrer em março. Em janeiro, mãe e filho tentaram o visto pela primeira vez e foi negado.

“Desde quando ele foi selecionado, comecei a luta para conseguir dinheiro suficiente para que ele pudesse fazer essa viagem. Criei campanha online e comecei a vender canetas customizadas e a preparar tudo para tirar o visto e ele poder realizar o sonho”, relata Carla.

Além do concurso de dança em St Peterbusg, Bernardo também foi selecionado para um curso de férias em julho no Miami City Ballet, em Miami. Como para o concurso de março não daria mais tempo, e contando com mais essa oportunidade, Carla reiniciou todo o processo para tentar novamente o visto para o curso em julho.

A família tem tido o apoio da escola de balé onde Bernado atualmente ensaia e onde ele estuda,da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e até de uma empresa em Miami que ajudou com a documentação necessária. “Eles (a empresa em Miami) foram muito atenciosos, buscaram a carta da Miami City Ballet onde consta sobre o curso e que geralmente só é enviada aos alunos poucos meses antes, em maio, por exemplo. Eles também ajudaram a preencher os outros documentos”, conta a mãe.

Carla detalhou ao Gazeta News que, no dia da entrevista, a oficial do consulado que os atendeu sorriu ao abrir a carta e ainda brincou com o Bernardo que ele iria para o Miami City Ballet. “Só que, logo depois ela questionou sobre o meu trabalho e o que havia mudado com relação à minha vida e da minha família desde a última entrevista para eu solicitar novamente o visto. Eu disse que ele havia ganhado a bolsa para o curso e que eu tinha conseguido dinheiro suficiente para a viagem por meio de uma campanha online, mas que continuava trabalhando como manicure em casa”, relata Carla.

Mesmo assim, a família lamenta não ter conseguido e ver o sonho e a luta de uma criança não acontecer por não possuir boas condições financeiras e com isso não conseguir comprovar renda nem posses que indiquem que eles retornariam ao Brasil como pede o Consulado para conceder os vistos. “Seria só de 08 a 20 de julho. Tem data específica e tudo mais. E tenho meus outros filhos que dependem de mim, eu não estou indo para ficar, apenas para realizar o sonho do meu filho”, salienta.
Além disso, outro ponto que conta negativo para o visto é o fato de a mãe não ter emprego fixo. Carla trabalha como manicure por conta própria e mora com os filhos na casa dos pais no Rio. Além de Bernardo, Carla tem outros três filhos: um de 21, outra de 12 e a caçula de 2 anos.

“Comecei no ballet com 7 anos, quando fui descoberto pela tia Alice Arja em uma mostra de dança das escolas públicas. Comecei a dançar e descobri que o ballet é tudo na minha vida. Amo o que eu faço. Eu não imaginava o quanto seria bom dançar. Hoje, passo horas me dedicando ao meu sonho. Para que um dia eu consiga chegar onde eu tanto desejo chegar. No dia 5 de setembro, minha mãe foi chamada para uma reunião e nela fui chamado para participar de um renomado concurso em St. Petersburg – Flórida. Nossa, não acreditei, fiquei radiante. Mas quando sai da reunião a ficha caiu. Como vou conseguir chegar até lá! Infelizmente, no nosso país não temos apoio para cultura e arte e a dificuldade de conseguir um patrocínio é muito difícil. A minha mãe é a única patrocinadora, trabalha como manicure e tudo o que ela ganha investe na minha carreira. Mas o custo para participar do concurso é muito alto e minha mãe não tem condições de pagar com todos os gastos. Os gastos com documentação, taxas do concurso, viagem, hospedagem e alimentação. Sei que para muitos pode parecer impossível, mas aprendi no ballet que tudo é possível quando se tem garra, força de vontade e determinação. Conto com a ajuda de todos. Meu sonho é poder ter a chance de ser um grande bailarino em uma escola renomada lá fora do país. E, por isso, vou continuar lutando”, relata Bernardo sobre sua trajetória no balé e seu sonho de participar dos cursos nos Estados Unidos.

Até a última quinta-feira, 28, último dia da campanha online, a família conseguiu arrecadar R$13.610,00 de um total de R$20.000,00 como meta.

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Fonte: Gazeta News