Entrevista: na FL, Marco Feliciano fala sobre possível impeachment de Mourão

Em visita oficial de uma semana nos EUA, o Deputado Federal Marco Feliciano (PODE-SP) e titular da Comissão de Desenvolvimento Urbano, concedeu entrevista exclusiva à Rádio Gazeta News na última quinta-feira, 11, onde aproveitou para pedir desculpas à comunidade brasileira e falou sobre um possível impeachment do vice-presidente Hamilton Mourão.

“Estou aqui para fazer essa mea-culpa e dizer que o pensamento do presidente Jair Bolsonaro é que a comunidade de língua portuguesa aqui nos EUA, além de ser o melhor que há do Brasil, deram a ele a vitória mais expressiva de um presidente da república fora de sua pátria”, afirmou.

Conspiração e impeachment do vice Mourão

Sobre a relação com o vice-presidente, Hamilton Mourão, Feliciano disse que o cargo de vice tem prerrogativas que Mourão não vem cumprindo. “Uma delas é ficar quieto. Ele só fala quando o presidente determina. Ele tem que ser uma extensão do governo e não ser alguém contra o governo. Principalmente quando o governo tem menos de 100 dias”, afirmou.

Com base numa desconfiança com relação às intenções do vice-presidente, o deputado disse que não votou em Mourão e que ele está faltando com o decoro ao ir contra o presidente. “Votei em Jair Bolsonaro. O vice tem que se colocar no lugar dele. O vice falta com o decoro quando ele ‘desdiz’ o que diz o presidente. Não se apaga incêndio tirando a autoridade presidencial. Você não pode minar a autoridade presidencial, é inconstitucional. É questão de hierarquia”.

Para Feliciano, o fato de Mourão ter vindo até aos EUA há duas semanas e ter dado ouvidos a um grupo que é contra o presidente e que ele (Mourão) sabe disso, foi vergonhoso. “É falta de decoro parlamentar. As prerrogativas o impedem de fazer o que ele está fazendo”.

Diante disso, o deputado entende que, com certeza, há uma conspiração por trás. “O presidente Bolsonaro foi eleito por uma base conservadora, por evangélicos e católicos conservadores. Não foi pelos militares que têm um ideal positivista e que não funciona numa democracia”, afirmou.

Para o deputado, que defende a base conservadora, Mourão tem amor pelos holofotes e dá o exemplo das pautas conservadoras em questão que são assuntos polêmicos e precisam ser tratados pelos governantes de forma certa.

“Por exemplo, o Bolsonaro diz que é contra o aborto. Vem o vice e diz que é a favor. As pautas conservadoras deram ao presidente a faixa de presidente da república e ele não pode ir contra isso. O pensamento particular ele (vice) pode ter, desde que fique com ele na sala. Ele não pode ir à público dizer isso porque começa a minar a autoridade presidencial e isso é falta de decoro e falta de decoro é prevista com impeachment na constituição federal”, salienta.

Sobre um possível impeachment de Mourão, Feliciano explica que já está conversando com sua base jurídica e com os assessores para apresentar o pedido de impeachment do vice tão logo retorne ao Brasil.

“Assim que eu chegar no Brasil, se possível, já vou protocolar o pedido de impeachment do Sr. Mourão, a quem eu me recuso a chamar de General”, afirmou ao ler pelo celular o artigo da Constituição que trata do assunto.

Contrário às atitudes que o vice-presidente vem tomando, Feliciano disse que não aceita que ele “passe por cima da autoridade do presidente”. “Não aceito. Nem o Temer que viu a luzinha no fim do túnel podendo derrubar a Dilma fez o que fez. Nem ele faltou com decoro. Agora, de repente, vem o Mourão, um ilustre desconhecido, tentando passar por cima”.

Feliciano ressalta ainda que tem argumentos para pedir o impeachment do “Sr. Mourão”, como o chama. “Ele age de forma indecorosa neste momento, traindo a confiança do presidente Jair Bolsonaro e sinto conspiração no ar. Percebo que eles estão observando que o presidente não tem o apoio da mídia, que tem apoio popular mas o colocam como despreparado”.

Sobre a vinda de Mourão aos EUA na última semana, Feliciano entende que o vice-presidente está aproveitando para se aproximar da oposição de Bolsonaro, inclusive fora do Brasil.

Desculpas à comunidade brasileira

Logo, como o objetivo da viagem foi realmente explicar à comunidade brasileira nos EUA sobre o que o atual governo realmente acha dos imigrantes, Feliciano fez questão de pedir desculpas em nome do presidente aos brasileiros imigrantes tanto nos EUA como em outros países, esclarecendo que a fala do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, sobre a “vergonha dos imigrantes ilegais”, foi infeliz e mal interpretada.

Para Feliciano, é preciso ter mais maldade com relação às palavras porque quase sempre há distorção quando uma figura importante, como é o presidente, ou pessoas próximas a ele, falam alguma coisa.

“Pedimos desculpas à toda comunidade de língua portuguesa que muitas vezes recebe informação truncada. (…) o presidente Jair Bolsonaro sofre hoje com o ‘establishment’ no Brasil porque a grande mídia sempre foi contra ele. Tudo o que puderem fazer para minar o governo Bolsonaro, vão fazer”.

Logo, explicou que conhece muito bem a comunidade de língua portuguesa nos EUA por ter trabalhado como então presidente dos Direitos Humanos, atuando diretamente com pautas dos imigrantes. “Eu sei do valor que tem o imigrante brasileiro. Estou aqui para pedir desculpas e se for preciso perdão em nome do governo brasileiro à toda comunidade de língua portuguesa”.

“Os imigrantes que estão aqui na América são o que há de melhor para o Brasil porque, infelizmente, a sua pátria-mãe não lhe deu condições. Porque se tivesse dado condições, eu tenho certeza que gostariam de estar no Brasil ainda. O filho da sua pátria é apaixonado por ela e se estão aqui é porque a situação socioeconômica não lhes deu condições. Vocês estão aqui hoje fazendo um trabalho, nos honrando aqui. A comunidade de língua portuguesa é respeitada pelas autoridades americanas, fazem um trabalho excepcional”, completou.

O deputado também falou sobre a luta para “desestigmatizar” do povo uma ideia de governo não só estabelecido por 14 anos, mas por 35 anos.

“Agora o Brasil começa a respirar novos ares e temos que fazer dar certo. (…) A força do presidente vem da opinão pública, de sua base social. Aí quando vem algo para abalar essa base social, a gente precisa combater”, salientou.

Capitalismo x Paternalismo

Como já afirmado por Bolsonaro também em entrevista à rádio Gazeta News logo após sua vitória, Feliciano analisa que a vontade é que o Brasil possa “copiar” os EUA em muita coisa. “Sou centrado nos costumes, mas tenho um pensamento liberal na economia, por exemplo.

Porque sei que com o capitalismo você realiza sonhos. Aqui, nos EUA, o sistema capitalista funciona. Você trabalha, produz, você recebe. Já no Brasil é na baso do paternalismo. Se você não produz, o seu país cobre isso. Ele te dá o Bolsa-Família, ele te dá o bolsa-escola, e te ‘engessa’, acaba te tornando num ser dependente”, reforça.

Ainda sobre esse início de governo, o deputado explica as mudanças que Bolsonaro vem tentando fazer. “Ele está tentando reinventar a política brasileira. Ele está lutando contra um sistema que existe há 30 anos. O nosso sistema de governo é um presidencialismo de coalisão, onde o presidente não governa sozinho. Ele precisa do parlamento para governar”.

Reforma da previdência

Sobre a polêmica reforma da previdência, Feliciano diz que não depende somente do presidente, mas dos deputados e senadores para fazer a reforma acontecer. “Quando o Congresso vai votar algo que é extremamente impopular, os deputados e senadores terão desgaste em sua base. Então o presidente precisa negociar com eles. Mas essa negociação não é dinheiro para o político diretamente. Se dá pela liberação de verba que ele precisa para chegar lá na cidade dele e dizer que votou pela reforma, mas que em contrapartida conseguiu o hospital, o asfalto, a segurança que a população estava precisando”.

Deputado Federal desde 2011, Feliciano defende a negociação que o presidente Jair Bolsonaro vem tentando com o Congresso pela reforma.

“As pessoas acham que o presidente precisa dar dinheiro para que os deputados votem alguma coisa e não é isso. O Bolsonaro está tentando fazer com que os deputados e senadores votem pela consciência ainda que isso lhe custe alguma coisa. A reforma da previdência é necessária porque hoje o brasileiro está vivendo mais. A expectativa de vida aumentou. Na década de 60, cada brasileiro tinha 4, 5 filhos. Hoje, tem 1, no máximo 2. Naquela época, eram 5, 6 pessoas trabalhando para pagar a aposentadoria de 1. Hoje, não tem isso e a conta não fecha”, finaliza.

O post Entrevista: na FL, Marco Feliciano fala sobre possível impeachment de Mourão apareceu primeiro em .

Fonte: Gazeta News