Brasileira em Orlando com doenças crônicas conta como superou a COVID-19

Cristina Faria, 48 anos, ficou 15 dias em isolamento total. Foto: arquivo pessoal.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 80% das pessoas infectadas pela COVID-19 – doença provocada pelo novo coronavírus -se recuperam com tratamento, sem precisar de internação e de equipamentos mais sofisticados, como respiradores e leitos de UTI. Uma brasileira em Orlando com doenças crônicas que recentemente foi infectada, conta como superou a COVID-19.

Em todo o mundo, o número de pessoas que se recuperaram ultrapassavam 340 mil nesta quinta-feira, 9. Nos Estados Unidos, os recuperados somavam 24.245 – mais que as 15.774 mortes pela pandemia. Os dados são da Universidade Johns Hopkins, de Baltimore, que monitora os casos em todos os países desde o início da pandemia global.

Na Flórida, o Departamento Estadual de Saúde não divulga a quantidade das pessoas que se recuperaram. Somente infectados, hospitalizados e mortes. Segundo o órgão, ainda não há definição certa de recuperação para a doença e nem comprovação de que um recuperado possa ser acometido novamente.

“Levantava para tomar banho e saía dele exausta”

A empresária e enfermeira Cristina Faria, 48 anos, fundadora do grupo de clínicas médicas VIP Walk Clinic na Flórida, ficou 15 dias em isolamento total depois que confirmou a suspeita de estar com a COVID-19. Sem saber como e quando foi contaminada (ela esteve em Nova York na semana anterior e também participou de um dos eventos que recebeu o presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva em Miami em março) Faria fez um relato emocionado ao Gazeta News sobre a superação da doença.

“Fui a primeira paciente confirmada com a COVID-19 no condado de Orange. De 12 a 27 de março foram meus dias em isolamento. Comecei a sentir os sintomas no dia 10 e não fui para a clínica trabalhar. Me sentia debilitada, muito fraca, com muitas dores pelo corpo todo e sabia que havia algo de errado, eram umas reações estranhas”, conta.

No dia 12, falei com médicos da clínica e resolvi ir ao Orlando Health Department, mas eles não estavam preparados para a pandemia e me encaminharam ao Advent Health, em Downtown Orlando, onde fiz o exame e confirmou a suspeita. “Foram horas até eu receber o diagnóstico. Fiquei esperando no carro. Optei então por seguir a orientação do meu médico e fui para casa onde fui tratada à distância por ele e outros profissionais”.

Asmática, anêmica e alérgica

Com quadro crônico de saúde por ser asmática, anêmica e alérgica, o que compromete muito o sistema respiratório, a empresária faz tratamento semanal com injeções para o quadro alérgico e mensal com vitaminas e sais minerais, proteína, ferro, soro, etc, para reforçar o sistema imunológico, que segundo ela, está sempre baixo. “Sou uma paciente crônica, apesar de eu não estar na terceira idade, tenho probabilidade de riscos muito altos, não só para coronavírus, mas para outros vírus como o H1N1 – que já peguei – e Influenza que pego todo ano”.

Sintomas

Além das dores pelo corpo, ela relata que sentiu também dor de cabeça muito forte, como de enxaqueca. “E o nariz fica úmido, como se fosse escorrer mas não escorre, muito estranho. Durante esse período tive perda do paladar, do olfato, reação alérgica com manchas pelo corpo, febre baixa por duas vezes. O pior é o cansaço, a debilidade. Dormia 15 horas,18 horas direto porque é um cansaço inexplicável. Levantava para tomar banho e saía dele exausta”, detalha.

Cristina (ao centro) e a equipe da clínica que administra em Orlando.

Tratamento e recuperação

Como estava com infecções nos brônquios antes do diagnóstico da COVID-19, Faria contava com nebulização duas vezes por dia e seguindo orientação médica, tomou azitromicina por sete dias. “Além disso, muito chá quente, líquido e muito soro. É importante tomar muito líquido durante a recuperação, ajuda muito”, conta.

Durante o isolamento, a enfermeira relata que teve duas crises respiratórias bem agudas e pensou em chamar a emergência, mas como sabia que os hospitais estão cheios, fez nebulização e foi melhorando. Outro fato que a tranquilizava para ficar em casa era o contato diário que o departamento de epidemiologia mantinha com ela e sua família.

No dia 27, ela recebeu o exame que confirmou que não estava mais com o coronavírus. Faria então retomou as atividades e o trabalho na clínica, mas, por precaução, continua tomando cuidados extras com a aproximação física de pessoas e uso de máscaras. “Ainda não se tem confirmação se quem pegou está imune ao vírus ou não. Ainda não dá pra ter certeza de nada, então é melhor proteger”, analisa.

Cuidado com a saúde mental

Como é um período de solidão muito intenso, para a empresária, é preciso estar com a mente, com o emocional e o espiritual muito equilibrados, “porque senão começa a pensar só no lado negativo e isso acaba prejudicando a recuperação”.

“Em momento nenhum eu desacreditei, não me entreguei, mesmo chegando a um estado crônico. Quando eu tive a confirmação de que eu estava com a COVID-19, olhei para Deus e entendi que era um período de reflexão, de aceitação, de passar com a cabeça erguida, com muita fé”, relata.

O que a ajudou a passar pelos dias sozinha foi manter a mente ocupada e ter o apoio da família e amigos. “Falava com minha família no Brasil, lia livros e a bíblia, meditei. Foi assim que eu passei essa fase, bem determinada e com muita fé. Foi mais uma etapa vencida, graças a Deus”, menciona.

E deixa um recado para quem está passando pela doença: “Tome muito líquido, siga orientação médica e evite ver notícias sobre mortes e a pandemia no mundo. Isso deixa a gente para baixo. Procure a família e amigos, converse com gente que vai te encorajar e leia coisas que vão te acalmar. Tenha fé”. finaliza.

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Fonte: Gazeta News