Os números do Multiple Listing Service (MLS) mostram que Broward é o condado que mais assinou novos contratos em agosto. Foi feito o levantamento de todos os imóveis disponíveis à venda que custavam a partir de $200 mil, sem limite de valor máximo.
Mas precisamos fazer uma ressalva importante: apesar de, na prática, a região ser urbana, no papel muitos imóveis são rurais.
Os motivos para esse resultado são os mais diversos possíveis. Nos últimos anos, a Flórida tem se tornado um verdadeiro destino para americanos buscando um inverno menos rigoroso. Outro fator que não deixa de ajudar é a política tributária do Estado que favorece muito o residente. Um dos mais famosos casos de milionários querendo pagar menos impostos é o presidente Donald Trump, que possui o resort Mar-A-Lago em Palm Beach.
Há algumas semanas, o Gazeta News publicou que a oferta de imóveis em Broward estava em alta, mas nem sempre a região é exatamente a escolha favorita ou inicial do cliente. Os preços dos imóveis nas regiões com mais densidade demográfica assusta os novos aspirantes da classe média, nesses casos, Miami-Dade tem preços proibitivos e Broward virou alternativa, hoje é a nova queridinha.
A consequência prática é que, se falarmos de todos os imóveis disponíveis (residencial, comercial e rural), as transações em 2020 aumentaram incríveis 135% em comparação com o mesmo período de 2019.
O corretor de imóveis, João Freitas, fez o levantamento com exclusividade para o Gazeta News e explica os números. “Em Miami-Dade, um imóvel de $200 mil pode não ser um produto de qualidade tão desejável ou com uma vizinhança dentro das expectativas. Em Broward isso é possível”. Como é um condado mais tranquilo e, mesmo assim, o morador ainda tem acesso relativamente rápido e fácil ao que Miami-Dade pode oferecer, para muitos clientes faz sentido escolher o vizinho do norte.
Outro fator que provavelmente ajudou a colocar a região no radar de muitos que não a conheciam são os novos eventos que ocorrem. O Boat Show de Fort Lauderdale é um bom exemplo disso. “A região hoje tem eventos para públicos diferentes. O Boat Show, por exemplo, gerou aumento na procura por produtos com acesso a água. Las Olas Isles e Harbor Beach são dois bons exemplos de região que foram beneficiados por essa externalidade positiva”, constatou Freitas.
Há ainda alguns fatos curiosos que motivam as pessoas. Os impostos incidentes nos imóveis rurais são significativamente mais baixos – então muitos moradores fazem esforço para provar que, ao menos no papel, eles são donos de fazenda. Para citar apenas dois exemplos, as palavras em anúncios de imóvel rural precisam ser bem pensadas, expressões como “comércio acessível a pé” são proibidas. Além disso, é comum que moradores recorram a artifícios como alugar vacas para colocar no quintal como forma de deixar ainda mais claro a característica rural do imóvel.
Mas, voltando ao relatório de vendas, esse ano a maioria das transações de casas foram para produtos que custaram entre $300 e $399 mil. Propriedades que custam entre $200 e $299 ficam logo atrás, e os produtos entre $400 e $499 mil ocupam a terceira posição na preferência dos compradores. O grande campeão geral de vendas ficou por conta dos apartamentos precificados entre $200 e $299 mil, o produto que menos vendeu foram casas entre $800 e $899 mil.
Orlando
O Gazeta News conversou com a especialista no setor de Orlando e Daytona, Selma White e ouviu um relatório pessimista do setor. “As vendas aqui em Orlando estão abaixo da média porque os brasileiros desapareceram e, como se isso não bastasse, a Disney está vazia. Os preços estão em um patamar aceitável porque a demanda gerada por americanos está bem alta”, analisa a corretora.
Para a profissional, o mercado na vizinha Daytona Beach está bem melhor e ainda pode ser explorado com mais eficiência. “Ultimamente eu tenho passado mais tempo que o de costume em Daytona. Hoje meus clientes tem demandado mais proximidade com a praia e o fato de ser um lugar com sensação de cidade pequena também agrada muitos clientes”.
Mas Selma White faz uma ressalva em relação à cidade da Disney. “Acho que o mercado em Orlando reanima assim que os brasileiros puderem voltar. Os shoppings aqui da cidade também estão sofrendo bastante”, exemplifica.
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Fonte: Gazeta News