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Chega a nova temporada de furacões no Atlântico: saiba como se preparar

A cidade de Jacksonville (FL) após a passagem do Irma em 2017. Foto: Jacksonville City.

É hora de se preparar para mais uma temporada de furacões no Atlântico. Neste sábado, 1º de junho, começa a nova temporada que vai até 30 de novembro. Este ano, as previsões indicam uma atividade normal de tempestades, com nove a 15 nomeadas, sendo quatro a oito evoluindo para furacões, conforme anunciou no dia 23 a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês).

No ano passado, a temporada foi considerada acima da média, e os furacões Florence e Michael atingiram as costas dos EUA com efeito devastador. Embora tenha se formado antes do início oficial da temporada, 2019 já teve sua primeira tempestade subtropical nomeada – Andrea, que se formou perto das Bermudas e já se dissipou.

2019 Disaster Preparedness Sales Tax Holiday

Como acontece anualmente nesta época, o governo autoriza a venda sem impostos para suprimentos de furacão. Por isso, desta sexta-feira, 31 de maio, até quinta-feira, 6 de junho, itens como baterias, geradores, rádios meteorológicos, latas de combustível, pacotes de gelo reutilizáveis, velas, lanternas e outros materiais serão vendidos em menor preço.

Saiba como se preparar e onde se abrigar

Em caso de previsão de chegada de furacão, as autoridades sempre orientam aos moradores para ficarem atentos quanto às medidas de proteção nas casas, bem como manter algum plano de emergência familiar em caso de evacuação. As cidades da Flórida mantêm abrigos e sempre avisam quando estarão abertos, bem como os que aceitam animais de estimação. Veja no site a lista dos locais.

O que fazer ANTES da chegada de um furacão:

⦁ Coloque protetores (plywood) nas janelas e portas (se possível, troque por próprios para furacões);
⦁ Recolha galhos de árvores e qualquer objeto solto em torno da casa ou empresa;
⦁ Coloque a temperatura da geladeira e do freezer para o máximo possível para que, em caso de falta de energia, os alimentos conservem gelados ou congelados por mais tempo;
⦁ Congele água em sacos plásticos e garrafas plásticas para consumo em caso de falta de energia;
⦁ Encha banheiras e baldes com água para usar nos banheiros e para lavar louça;
⦁ Faça planos para evacuar e mantenha toda a família ciente;
⦁ Tenha todos os telefones totalmente carregados e os use apenas para comunicação essencial;
⦁ Guarde documentos importantes como passaportes, seguro da casa e dinheiro em sacos plásticos e mantenha-os à vista;
⦁ Móveis de quintais como cadeiras e mesas podem ser guardados dentro da piscina com água e tampada;
⦁ Não estacione carros embaixo ou próximos a árvores.

O que fazer DURANTE a passagem de um furacão:

⦁ Mantenha a calma;
⦁ Não tente aparar galhos de árvores ou outra vegetação durante a tempestade;
⦁ Não mantenha velas acesas durante a noite;
⦁ Evite sujar louça, use descartáveis;
⦁ Não use geradores dentro de casa;
⦁ Não acenda churrasqueiras a carvão ou a gás dentro de casa ou mesmo na garagem;
⦁ Não fique com o motor do carro ligado ou ligue o motor em ambiente fechado;
⦁ Retire aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos da tomada.

O que fazer APÓS a passagem de um furacão

⦁ Aguarde liberação das autoridades para sair de casa e trafegar para outro lugar;
⦁ Não ande em local alagado, pode haver fios partidos e acontecer choque elétrico;
⦁ Não tente retirar galhos e materiais grandes em telhados, chame agentes da Federal Emergency Management Agency (FEMA) e aguarde.

Kit de Emergência

– Um galão de água por pessoa por dia;
– Comidas não perecíveis (enlatados) para no mínimo 72 horas;
– Abridor de lata manual;
– Rádio ou televisão portátil à pilha;
– Pilhas extras;
– Lanternas, velas, fósforos;
– Fogão pequeno à gás, fósforos e isqueiros;
– Protetor solar e repelente para insetos;
– Produtos de higiene;
– Utensílios descartáveis (ex: pratos, talheres, copos);
– Kit de primeiros socorros;
– Em caso de estar sob cuidados médicos, lembre-se de estocar medicamento extra;
– Medicamentos comuns e mais usados como analgésicos;
– Dinheiro (cash);
– Extintor de incêndio pequeno;
– Comida, água, medicamento (se necessário) e produtos de higiene para os animais de estimação;
– Fraldas e fórmulas para bebês para no mínimo uma semana;
– Mudas de roupa e cobertores.

Cuidado com geradores: evite exposição ao Monóxido de Carbono

O Departamento de Saúde da Flórida (DOH) sempre orienta aos moradores quanto ao perigo da exposição ao monóxido de carbono (CO) com geradores, aparelhos movidos a gás e grelhas e churrasqueiras a carvão ou a gás dentro de casa. Dentre as dicas essenciais, estão:

– Nunca use um gerador dentro de casa, ou em garagens, porões ou espaços extras fechados ou parcialmente fechados, mesmo que haja alguma ventilação. Abrir portas e janelas ou usar ventiladores não impedirá o CO de ficar dentro da casa e intoxicar pessoas;
– Sempre coloque o aparelho ao ar livre em uma superfície seca, longe de portas, janelas, aberturas e equipamentos de ar condicionado. Siga as instruções que vêm com o gerador;
– Não ligue o carro em espaço fechado, nem na garagem;
– Não acenda churrasqueiras a carvão ou a gás dentro de casa, garagem, veículo ou barraca.
Em caso de emergência por envenenamento, ligue para 1-800-222-1222. Se houver vítima desmaiada ou se não estiver respirando, ligue para o 911.
Legenda: A nova temporada inicia neste sábado, 1° de junho, e vai até 30 de novembro. Este ano a previsão é de 9 a 15 tempestades nomeadas, sendo quatro a oito evoluindo para furacões, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica.

Histórias de brasileiros e furacões

Não são poucas as histórias de brasileiros que vivenciaram a passagem de um furacão na Flórida. Há quem tenha formado novas amizades ao ajudar estranhos, como é o caso da paulista Ana Luisa Bessa, que junto com o marido, Marcelo Peres, e o filho de 9 anos em Orlando, foram a salvação para a carioca Aline de Chiara, grávida de seis meses, e o marido Rodrigo Vieira, durante o furacão Matthew, em outubro de 2016.

Aline e Rodrigo vieram do Rio de Janeiro para fazer o enxoval do bebê e estavam com voo de volta para o Brasil marcado para a noite em que o furacão passaria pela Flórida.

No dia anterior à chegada do Matthew, Marcelo encontrou por acaso com o casal do Rio no café de um hotel na Internacional Drive e perguntou se estavam acompanhando as notícias. “Eles não falavam inglês, então nem viram os noticiários”, conta Ana Luisa. “Meu marido então falou para o Rodrigo ligar na companhia aérea pra ter certeza que o voo iria sair porque estavam cancelando todos os voos e iriam fechar o aeroporto e deixou o número do celular para que se tivessem alguma emergência e precisassem, pedirem ajuda”.

Como é previsto em caso de tempestades, o voo foi mesmo cancelado. Mas eles só souberam disso quando já estavam no aeroporto. “Como eles seguiriam primeiro para Miami e o funcionário do aeroporto em Orlando avisou que era melhor nem ir porque já haviam dado evacuação em vários locais no sul da Flórida, eles tinham feito ‘checkout’ no hotel e ficaram sem saber o que fazer, foi quando ligaram para o Marcelo”, relata a estudante.

Fazendo compras de emergência no Walmart e sentindo o desespero do casal, inclusive da mulher que estava grávida, Ana Luisa não pensou duas vezes: “Dava pra ouvir ela chorar ao telefone. Me coloquei no lugar dela e falei: manda eles virem pra nossa casa”, relembra emocionada.

As duas famílias acabaram passando três dias juntos e o que começou com medo, terminou em alegria e uma amizade que dura até hoje. Ana destaca que ainda não voltaram a se ver pessoalmente, mas se falam sempre pela internet.

Perguntada sobre a mensagem que esta experiência lhe passou, Ana encerra: “Deus algumas vezes bate em nossa porta, cabe a nós a decisão de abrir ou não. De estender a mão ao próximo, seja esse quem for!”.

Já para Aline, gratidão e uma amizade “que parece de anos” é o que ficou. “A gente diz que Deus colocou anjos no nosso caminho. Fui, sou e serei extremamente grata por terem nos acolhido. Sempre que tenho a oportunidade eu conto nossa estória e como se fôssemos amigos de anos. Vocês fizeram a gente se sentir em casa!”, finaliza emocionada, com a promessa de um dia conhecerem pessoalmente a pequena Catarina.

Duas crianças, uma mobile home e evacuação

Morando com as duas filhas, uma com 3 e outra com 6 anos, numa mobile home em Pembroke Pines, Marialva Brito, precisou ser corajosa para largar a casa com tudo para trás e procurar abrigo quando o furacão Wilma passou com tudo em 2005.

“Eu era mãe solteira. Minha família toda mora no Brasil e eu comprei tudo o que eu tinha com muito sacrifício. A casa era minha e a possibilidade de perder tudo era muito dolorida. Eu tive que fazer apenas 3 malas, pegar as coisas mais importante e evacuar. Eu trabalhava tempo integral e cuidava de tudo sozinha. O pai e os avós paternos das minhas filhas nunca estavam presentes em momentos assim. Já era quase impossível cuidar de tudo sozinha, e devido ao aperto financeiro, perder um dia de trabalho era fora de cogitação”.

Para a brasileira, o estresse veio com a demanda que a passagem de um furacão exige. “Ter que proteger nossos móveis com plástico, nossas roupas e nossas comidas, além de preocupar em obter água, gasolina e armazenamentos necessários para as crianças para ter depois do furacão”, conta.

Acompanhada das filhas, Brito foi para a casa de uma amiga, mas ao voltar, se deparou com muita destruição.

“O furacão passou com força no parque de trailers onde eu morava . Muitos postes elétricos e fios caídos. Árvores em cima das casas. Muitos trailers partidos, móveis e eletrodomésticos espalhados pelas ruas”, relembra.
Com um pouco mais de sorte do que outros moradores, o trailer dela teve estragos somente em um dos quartos, parte da sala e da cozinha. “Metade do telhado quebrou. Um quarto ficou completamente encharcado e o teto caiu dentro. Tudo dentro daquele quarto foi perdido. Tive que trocar o sofá e os armários da cozinha que encharcaram e estavam prestes a cair. Ficamos sem eletricidade durante um mês”, detalha.

O perigo continuou mesmo depois da tempestade. “À noite, não podíamos dormir com a janela aberta. Era perigoso demais, pois a vizinhança toda era um breu. Não tinha nem luz na rua e tinha toque de recolher quando ficava escuro. Ficamos sem poder usar geladeira, fogão, micro,sem banho de água quente, sem TV, internet, por um mês morando numa casa em que o cheiro de mofo ficava cada dia mais insuportável”.

Depois do furacão, Brito decidiu que era hora de arrumar um lugar mais seguro para morar com as filhas e pôs a casa à venda pensando em ir para o norte dos EUA. O negócio da casa deu errado e ela acabou perdendo o dinheiro que investiu para se mudar. Hoje, mora em Davie, sul da Flórida, com as filhas. “Nunca consegui comprar mais nada”, encerra.

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Fonte: Gazeta News