Fondue de coxinha, fondue de hambúrguer… vai se fondue!

Quando eu morava no Rio, uns três anos atrás, encasquetei de fazer uma matéria sobre a curiosa cena carioca de fondue. O quiosque do hotel Fasano na praia de Ipanema –que já não está entre nós– servia fondue de queijo com o pé na areia. E o bar Casa Porto, na zona portuária, tinha um tal fondue de feijoada, anunciava a coluna do Ancelmo Gois, no Globo.

Como tenho uma atração doentia pelo bizarro, fondue de feijoada era algo que eu precisava experimentar. Bizarro por bizarro, aliás, levei a date do aplicativo de paquera para nossa primeira conversa presencial na Casa Porto.

É óbvio, lógico e evidente que o rolo não evoluiu –de certa forma deu certo, pois sou amigo dela até hoje. Mas falemos do fondue de feijoada.

Quando chegou a cumbuca de caldo de feijão borbulhante, com linguiças e torresmos para mergulhar com um espeto, percebi que havia entendido tudo errado. Ali tinha sátira, ironia, irreverência carioca. A matéria nunca foi feita.

O que a Casa Porto satirizava é a infinita capacidade do brasileiro de transformar qualquer porcaria em fondue –ou sushi, pizza, pastel, o diabo a quatro, sem limites nem interesse pelas tradições que criaram essas comidas.

Só nesta semana, recebi releases de imprensa de três novidades fonduezeiras.

Um deles dizia respeito a um restaurante italiano que, por ser italiano, rebatizou o fondue de “fonduta”.

Outro propagandeava um certo “festival nacional do fondue de coxinha” com creme alaranjado tipo queijo. O tal festival só acontecia numa certa rede de lanchonetes e a coxinha, se não bastasse, era de linguiça.

O terceiro release falava de um tal fondue de mini-hambúrgueres, que você molha num requeijão antes de comer.

Como o perdão do meu francês, vão se fondue.

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Fonte: Folha de S.Paulo

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