Projota, do BBB, não come lasanha nem estrogonofe. Como pode?

Minha bolha de notícias essenciais me avisou que o rapper Projota, confinado no internato do BBB21, se recusou a comer lasanha e ainda mandou: “Não como lasanha”.

Não come lasanha? Não come lasanha à bolonhesa, com molho de carne e molho branco? Não come lasanha de queijos? Não come lasanha com pesto de manjericão?

Lasanha é uma massa de farinha e ovos. Pode ser feita do jeito que o cozinheiro inventar. Sei lá qual é a restrição do Projota, mas provavelmente não é lasanha.

O rapper está passando por um inferno particular no BBB, graças às peculiaridades de seus gostos.

Antes do episódio lasânhico, recusou estrogonofe.

Comeu arroz puro quando foi mandado para a cozinha Xepa –termo pejorativo que alude aos legumes não-tão-bons do fim da feira livre. Obviamente, nos estudos da Globo a cozinha era fresca, mas nada gourmet: moela, fígado, rabada, rapadura, ovos, leite, feijão, lentilha, goiabada.

Com tudo isso à disposição, Projota decidiu comer só arroz.

Porra, Projota!

Calma, Projota. Sua dor é a minha dor.

Sei bem o que é ter restrições alimentares –em linguagem popular, frescura com comida. Eu era fresco para comer e, de certa forma, ainda sou.

Criança, eu só comia frango, arroz, feijão, macarrão ao sugo, pizza de queijo, chocolate e uma ou outra coisa a mais. Minha mãe, claro, ajudava a manter essa frescurite. Mas havia pressão.

O esforço de convencimento da minha família incluía dizer que eu iria servir Exército e, lá, não poderia escolher a comida.

Acabou que não servi Exército. A imagem de estar repentinamente exposto nas minhas manias, porém, me moveu a relaxar aos poucos o transtorno alimentar.

Eu não conseguiria fazer o que faço se não tivesse abandonado o transtorno em favor do convívio. Ainda tenho minhas dificuldades: peixes de gosto forte (sardinha, anchova), pepino e miúdos, principalmente o fígado de qualquer animal. Mas aprendi a gostar de moela de frango.

Na xepa do Projota, eu teria uma só restrição. Quanto a ele, foi enviado ao rancho do Exército dos meus pesadelos.

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Fonte: Folha de S.Paulo