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“Uma pena que virou o que virou”, lamenta brasileira que participou de protesto em Miami

Camila Quaresma-Sharp participou dos protestos em Miami. Foto: Helen Le Van.

Vidros quebrados, carros da polícia queimados, sistema de transporte público suspenso, toque de recolher e 44 pessoas presas – esses foram alguns dos resultados mais visíveis em Miami das manifestações que se tornaram violentas na noite de sábado, 30.

O protesto teve seu início pacífico na tarde de sábado, com centenas de pessoas marchando nas ruas contra a morte de George Floyd – o homem negro desarmado e algemado que morreu depois que um policial de Minneapolis pressionou o joelho no seu pescoço por quase nove minutos na segunda-feira, 25 de maio.

No entanto, ao cair da noite, houve confronto entre policiais e alguns manifestantes e a situação ficou bem tensa tanto em Miami quanto em Orlando – nos dois locais a polícia teve que usar gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar a multidão.

Protestos pela morte de George Floyd eclodem em Miami e Orlando

Em Miami, um carro da polícia foi incendiado e lojas foram saqueadas. Um toque de recolher foi emitido até as 6 da manhã deste domingo.

De manifestação pacífica a vandalismo

Segundo a brasileira Camila Quaresma, que participou da manifestação quando esta ainda estava pacífica, o protesto “foi super bem organizado, super seguro. Uma pena que uma mensagem tão importante se perca no vandalismo que aconteceu depois”, ressaltou com exclusividade ao Gazeta News.

Para que o objetivo dos protestos que acontecem agora em todo o país não se perca em meio ao caos, Quaresma relembra a morte de forma brutal de George Floyd, questiona o racismo que impera no sistema e ressalta o poder da democracia.

“O foco é em conseguirmos nos unir e mudarmos um sistema que está precisando de ajustes desde sempre. Que a justiça seja feita, não só por George Floyd, mas de todos que sofrem racismo diariamente. Por que os outros três policiais não foram presos? Se fossem todos civis, estariam presos! Que a justiça seja feita e sirva de exemplo para melhor treinamento de policiais, tanto quanto consequências mais rígidas aos que violem a própria lei!”, diz.

“Uma pena que virou o que virou”, lamenta Quaresma, que participou da manifestação de 4:20pm até 5:45pm em Downtown Miami, quando ainda estava tudo tranquilo.

“Cheguei e tinha um número já grande de participantes. Eu estava ansiosa, pois estou em ‘lockdown’ há três meses ou mais… mas achei que não haveria melhor oportunidade de sair e que eu recomeçasse de uma forma tão significativa. A ansiedade passou depois, pois tava tudo super tranquilo, ninguém em cima! Gritos apenas por mudanças! Foi muito bacana! Que bom que temos esse direito, e com ele, conseguimos dar voz ao que precisa ser mudado!!”, enfatizou a moradora de Fisher Island.

Policial filmado asfixiando George Floyd é preso e acusado de assassinato

Imagem: Camila Quaresma.

EUA em protesto

O episódio fez eclodir manifestações em Minneapolis que se multiplicaram para diversas cidades em todo o país e até no exterior- Londres e Berlim também registraram protestos contra a violência policial.

Neste domingo, mais protestos são planejados para a tarde no centro de Miami e Lauderhill, no condado de Broward.

No sábado, manifestantes chegaram a fechar a Interstate 95 por algumas horas. Manifestações pedindo justiça, igualdade e menos violência policial também ocorreram em outros pontos da Flórida como no Condado de Palm Beach, em Orlando, Tampa e em Jacksonville.

Reabertura da praia cancelada

O prefeito de Miami-Dade, Carlos Gimenez, cancelou a reabertura planejada das praias locais na segunda-feira de manhã – adiando um dos marcos mais esperados no desenrolar das medidas de emergência impostas em março para combater a propagação do coronavírus. Gimenez disse que as praias permanecerão fechadas até que ele levante um toque de recolher em todo o condado.

Fora da sede da polícia de Miami, onde a polícia chegou a disparar balas de borracha e gás lacrimogêneo contra manifestantes que atiravam pedras e garrafas na noite de sábado, cerca de uma dúzia de policiais com escudos e capacetes vigiavam a entrada na manhã deste domingo, cerca de uma hora após o toque de recolher obrigatório ter sido levantado.

A presença da polícia também foi alta no Bayside Marketplace, que permaneceu fechado depois que alguns manifestantes quebraram janelas e roubaram várias lojas.

Confira o registro em vídeo feito por Camila Quaresma da manifestação na tarde de sábado em Miami:

 

 

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Fonte: Gazeta News