Entrevista com Luiz Ribeiro

Baseado na área de Nova York, o fotógrafo Brasileiro Luiz C. Ribeiro, nascido em Diamantina,…

Baseado na área de Nova York, o fotógrafo Brasileiro Luiz C. Ribeiro, nascido em Diamantina, Minas Gerais, cobre uma vasta gama de assuntos em todo os EUA e ao redor do mundo. Depois de trabalhar como fotógrafo/editor por mais de 20 anos no New York Post, ele decidiu levar sua experiência de trabalho em uma nova direção, bem como a novas alturas.

Suas fotos apareceram em quase todas as grandes publicações nacional e internacionais, incluindo o USA Today, The New York Times, Rolling Stone Magazine, US News & World Report, Time, Newsweek, Caras, Contigo, Veja entre outras.

Ele também é membro da National Press Photographer Association, The White House News Photographers Association, The New York Press Photographers Association, ARFOC – Associação de Repórteres Fotográficos – Minas Gerais (Brasil), FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas – Brasil.

– Qual sua origem no Brasil, estado, cidade, e há quanto tempo você vive Estados Unidos?
Nasci em Diamantina, interior de Minas Gerais, e vivi na cidade até os meus 16 anos, quando meu pai me tirou da escola e me levou para trabalhar em Belo Horizonte. Cheguei nos Estados Unidos no dia 19 de Abril de 1986, exatamente há 34 anos.

– Quando e como aconteceu a decisão de vir morar em Nova Iorque?
Como lhe disse anteriormente, em 1986 trabalhava para a VASP, e havia 2 colegas que haviam se mudado para New York, um deles foi meu chefe na Vasp e escrevi para ele perguntando como era a vida aqui, etc, e ele me respondeu que estava feliz e que eu deveria tambem tentar. Ele disse que me ajudaria e pedi demissão.

Paguei tudo e todos que devia e me sobrou U$500 dólares. Assim cheguei em New York. O então diretor da Vasp, o Geraldo Linares Filho, me deu uma passagem pela PanAm RIO/JFK/RIO.

– Foi uma coisa planejada ou aconteceu na sua vida?
Planejada não de certa forma. A minha primeira surpresa que me tirou o chão foi quando telefonei para a pessoa que havia me prometido ajudar antes de embarcar e ele me disse no telefone que na casa dele não tinha lugar para mim.

Ainda assim resolvi embarcar, visitar a cidade e tentar tudo novamente, não sei porque motivo disse a mim mesmo que seria um fotógrafo. Depois que passei pela imigração é que a realidade bateu. Eu estava em um país novo, sem o idioma, quase sem dinheiro e naquele momento, sem perspectiva.

– Fala um pouco como foi seu processo de adaptação e o que você fez até chegar onde você esta hoje.
O processo de adaptação foi um pouco difícil. Conforme lhe disse, eu era funcionário de uma companhia área e trabalhava em um aeroporto. Cheguei em NY no sábado 19/04/86 e na terca-feira já estava trabalhando em uma fábrica lixando moveis. Tive que me re-adaptar rapidamente.

Conforme lhe contei, no avião havia dito que gostaria trabalhar como fotografo, profissão que não conhecia, também não conhecia a Maria Antônia que havia ido ao aeroporto buscar uma amiga e ofereceu o sofá da casa dela. Ela se transformou em minha família aqui nos EUA.

Maria Antonia sempre gostou de festas e me levou para uma em Manhattan na casa de amigos dela, e lá conheci o Roberto, que era o líder na área de pintura em uma fábrica de móveis em Astoria. Ele me ofereceu o trabalho na fábrica. Na Segunda Feira, dia 21 fui até a fábrica e na Terça dia 22 já estava empregado lixando moveis.

Trabalhei lá por seis meses e tive que sair porque minha mão estava machucada pelas lixas que tinha que usar para lixar os moveis antes da pintura. Desta fabrica fui trabalhar de faxineiro em um loja de um Argentino e eu sempre dizia para as pessoas que queria ser fotografo. Uma vendedora que trabalhava nesta loja me indicou para um trabalho de faxineiro em um laboratório fotográfico em Westchester.

No caminho, que era cerca de uma hora de onde eu morava, comprava o New York Times para tentar despitar a imigracao caso fosse parado. Marcava as palavras para a noite poder verificar no dicionário, e assim fui aprendendo o inglês. Um ano depois de estar empregado lá eles me ofereceram me legalizar, porém pedi demissão.

Em 1988 fui a uma agência de empregos em New York e consegui um trabalho em outro laboratório chamado “Color by Pergament”. Comecei a trabalhar como faxineiro mas quando sai de lá em 1995 eu era responsável por toda a manutenção das máquinas de processo e toda a compra de materiais para o laboratório.

Em 1993 fui emprestado pelo laboratório para a companhia Kreonite para fazer a instalação e instrução do uso de equipamentos por cerca de 45 dias, em Lima, no Peru, para o “Servico Secreto Peruano” que estava lutando contra os terroristas do Sendero Luminoso.

Em 1989 vendi minha primeira foto para a “Associated Press” de brasileiros fazendo campanha eleitoral para o Lula e o Collor, então candidatos a presidência. Estava do lado de fora do Consulado Brasileiro, que na época era no Rockefeller Center.

A partir daí o editor passou a me chamar para ser o mensageiro e buscar os filmes dos fotógrafos que faziam os jogos de basquete e baseball. Ás vezes me chamavam para fotografar algum acidente ou cenas de crimes. Como trabalhava ate as 3:00PM no laboratório, fazia este trabalho para a Associated Press entre 4:00 e 12:00AM.

Em Setembro de 1993 veio o convite para fazer um teste no “New York Post”. Uma semana depois me ofereceram o trabalho “Staff Photographer”. Expliquei para meu então chefe a situação do laboratório, ele compreendeu e me deu o mesmo horário que fazia na “Associated Press” em 1995.

Consegui sair do laboratório, que na época se transformou em um dos maiores em New York. Quando saí tiveram que contratar um técnico em química, e uma pessoa para cuidar do stock de materiais.

– O que você mais gosta do lado profissional e pessoal morando aqui nos EUA?
Apesar das críticas a imprensa ainda exerce um papel importante na sociedade americana e trabalhar para os dos maiores jornais do país ajuda. O lado pessoal é a tranquilidade e segurança, porém agora com o Coronavírus estes conceitos irão mudar.

– Você é um fotógrafo bastante conhecido na comunidade Brasileira nos Estados Unidos e mesmo entre os Americanos porque é fotógrafo do New York Post. Conta um pouco da sua carreira e da sua paixão pela fotografia.

Fui fotógrafo do New York Post, atualmente trabalho como freelancer para o New York Daily News 5 dias por semana. Ás vezes faço projetos especiais de arquitetura para o New York Times. Antes da pandemia viajava para lugares exclusivos ao redor do mundo para fotografar a experiência destas pessoas nas viagens e as fotos usadas para promover mais negócios. Esta semana deveria estar na Toscana, mas devido a pandemia a viagem foi cancelada.

– Você já fez parcerias com artistas plásticos da sua geração e exposições em Nova York, quais são seus planos quanto a estas parcerias no futuro?

Bem, nesta época de incertezas não posso estar fazendo planos. Antes de pensar em parcerias é uma boa época para rever trabalhos passados. Sobre o futuro lógico que tenho idéias e muitos amigos artistas que também estão interessados em coloborar.

– Estamos vivendo tempos de pandemia e incertezas, sigo o seu trabalho e sei que você está documentando cenas surreais do que é a cidade neste período, conta um pouco da sua experiência por gentileza?

As fotos publicadas pelo Daily News contam parte da história do dia a dia de uma cidade literalmente em guerra com um inimigo invisível. Muitas das fotos acabam não sendo publicadas. Estou vendo e fotografando momentos que nunca imaginei ver aqui. Freezers do lado de fora de hospitais para guardar os corpos e se você fica vendo, o movimento é intenso de corpos sendo guardados ou levados por serviços funerários. São pais, mães, filhos, irmãos, que estão ali. Cada corpo é uma perda para uma família.

– O que mais te impressionou neste período?
O trabalho do fotojornalista e um pouco social e um pouco “voyeur”. Me impressiona a dedicação e compaixão com os enfermos pelos enfermeiros, e os técnicos de ambulância é memorável.

– Desde quando você decidiu que o fotojornalismo seria o seu percurso? Existe uma história nesta decisão ou simplesmente aconteceu?

Como lhe disse anteriormente havia dito que queria ser fotógrafo. Enquanto estava trabalhando no laboratório eu fotografava de tudo.

Amigos, a cidade, meu dia a dia. Nesta época comecei a frequentar cursos de “Continuum Education” e fiz um na “School of Visual Arts” com um Editor de fotografias da finada agencia UPI. Durante o curso agencias, revistas e jornais comparavam fotos feitas durante News eventos.

Fiquei com aquilo na cabeça e aconteceu que em 1989 fiz algumas fotos de Brasileiros votando no Consulado no Rockefeller Center. Como a sede da Associated Press era também no complexo fui ate na agência e ofereci minhas fotos. O resto é história.

– Além da fotografia eu sei que sua outra paixão é cozinhar. Me conta um pouquinho da sua “arte de cozinhar”?
Adoro cozinhar e lavar pratos. Para mim as duas funções são uma terapia. Aprendi a cozinhar observando minha avó Maria Cecilia. Depois quando me mudei para New Iorque passei a observar a Maria Antônia, uma excelente cozinheira. Acredite, na cozinha ou na fotografia não sou artista, apenas um aprendiz.

– Qual é o prato que você mais gosta de preparar? E porque?
Gosto de cozinhar um pouco de tudo. Atualmente comemos mais peixes e menos carnes. Muita salada e hoje, por exemplo, que estou de folga, é um prato latino misturado com uma fruta brasileira, o pequi. “Arroz com pollo e pequi”.

– Você já pensou em publicar um livro compartilhando a sua arte da fotografia? Quem sabe combinando com algumas das suas receitas?

Eventualmente se Deus quiser quero contar um pouco desta minha aventura com fotos, que são muitas. Mas o que mais quero e inspirar outras pessoas a acreditarem que sonhar e viver sonhos é possivel.

– Um conselho que você daria nestes tempos de quarentena?
Simples, siga as instruções das autoridades sanitárias e nãoa de políticos. Lave as mãos, use mascara se tiver que sair, e relaxe porque eventualmente isto também passará.

– Do Brasil quais são as lembranças melhores?
Com certeza minha infância e minha adolescência em Diamantina.

– Uma das experiências inesquecíveis que você já viveu na America?
São tantas e várias destas experiências estava fotografando. Final de Copa do Mundo, tênis, basquete, futebol e vários momentos de terror também, como os ataques de Setembro 11.

– Uma referência importante na sua vida?
Muita gente. A Maria Antônia que me acolheu quando mais precisava. Minha mãe é uma guerreira. Minha esposa Cynthia, e muitos amigos que me inspiram.

– Cite três coisas que ainda estão na sua lista de desejos?
Saúde, Saúde, Saúde

– Qual é o seu mantra?
“Fortis Fortuna Adiuvat” (A sorte favorece os audazes)

– Você tem planos de viver novamente no Brasil?
Tinha, mas depois da eleição do atual mandatário, não tenho desejo nem de ir visitar.

– Como você gostaria de ser lembrado no futuro?
Como uma pessoa íntegra, honesta, pois no final da vida é isto que nos restará. Lembranças daquilo que fomos e que fizemos a nós, aos outros, e ao mundo.

Boa sorte e muito obrigada pela sua atenção.

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Fonte: Brazilian Times