Delta Airlines cancela patrocínio em homenagem a Bolsonaro em NYC

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O Presidente Jair Bolsonaro será homenageado a “Personalidade do Ano 2019, durante um jantar de gala no hotel Marriot Marquis, em Manhattan (NY)

A companhia aérea evitou comentar o assunto e somente confirmou a decisão de não participar do evento em 2019

A Delta Air Lines e pelo menos outra empresa se afastaram do evento que pretende homenagear o Presidente Jair Bolsonaro em Manhattan (NY). Ele receberá o prêmio “Personalidade do Ano” da Câmara de Comércio EUA-Brasil durante um jantar no hotel Marriott Marquis, na terça-feira (14). Figura política de extrema direita, Bolsonaro venceu as eleições presidenciais no Brasil por ampla margem em 2018. Entretanto, ele também é controverso e tem sido fortemente criticado pelos comentários homofóbicos, racistas e misóginos.

A Delta (DAL) e a Bain & Company, uma empresa de consultoria de gestão, estavam entre os patrocinadores do evento. Eles anunciaram na terça-feira (30) que não estariam mais envolvidos. A Delta evitou comentar o assunto e somente confirmou a decisão. Já a Bain informou num comunicado que “encorajar e celebrar a diversidade é um princípio básico da empresa” e, embora a companhia continue apoiando a Câmara de Comércio EUA-Brasil, ela decidiu não patrocinar o jantar de gala anual Personalidade do Ano 2019.

O jornal Financial Times supostamente cancelou seu envolvimento também, de acordo com a CNBC, que divulgou a notícia, na terça-feira (30). Uma série de outras empresas, incluindo o Bank of America, Merrill Lynch, Bank of New York, Mellon, BNP Paribas, Citigroup, Forbes, HSBC, JP Morgan, UBS, Credit Suisse e o Morgan Stanley assinaram como patrocinadores do evento. O Bank of America, Credit Suisse e o BNY Mellon se recusaram a comentar sobre seus papéis no evento.

O Marriott International, entretanto, disse à CNN Business que “a diversidade e a inclusão fazem parte da cultura e das operações do nosso hotel”. A empresa tem o histórico de priorizar a inclusão LGBT.

“Nós recebemos todos há mais de 90 anos e nos concentramos em colocar as pessoas em primeiro lugar”, disse a rede hoteleira em um comunicado. “Somos obrigados por lei a aceitar negócios, mesmo que entrem em conflito com os nossos valores. A aceitação dos negócios não indica apoio ou endosso de qualquer grupo ou indivíduo”.

O Bolsonaro às vezes chamado de “Trump dos Trópicos”, foi eleito em outubro e assumiu o cargo no início deste ano. Antes de ser eleito, ele disse à uma congressista que ela não merecia ser estuprada porque era “muito feia”, informou a TV Globo. Certa vez ele disse publicamente que preferia ver seu filho “morrer em um acidente” do que ter um membro de sua família homossexual. Além disso, ele também tem sido amplamente criticado por suas políticas que incluem a eliminação de proteções para a floresta amazônica, uma área ambientalmente que é frequentemente chamada de “Pulmões do Mundo”.

A Câmara de Comércio Brasil-EUA informou em seu website que Bolsonaro está sendo homenageado por sua “firme intenção de promover laços comerciais e diplomáticos mais estreitos entre o Brasil e os Estados Unidos”. Entretanto, ela não comentou sobre a decisão da Delta e da Bain de desistirem do evento.

O protesto contra o recebimento do prêmio Personalidade do Ano foi liderado por grupos ambientalistas e ativistas LGBTQ, incluindo o GLAAD. O Museu Americano de História Natural, em Manhattan, onde a cerimônia de premiação foi originalmente programada, abandonou os planos em meio às críticas das ONGs.

“Nós esperamos que a Câmara de Comércio dos EUA-Brasil siga o exemplo e retire o prêmio para um líder eleito que focaliza nos LGBTQ brasileiros para tratamento desigual de acordo com a lei”, disse a presidente e CEO da GLAAD, Sarah Kate Ellis, em um comunicado.

Nos últimos anos, as corporações têm se tornado cada vez mais dispostas a assumir posições públicas sobre questões de justiça social e boicotar eventos ou patrocínios. Em 2018, por exemplo, mais de uma dúzia de empresas rescindiram suas ofertas de desconto para os membros da Associação Nacional do Rifle (NRA), depois que o poderoso grupo de lobby se opôs à reforma do controle de armas, após uma chacina ocorrida naquele mesmo ano.

Fonte: Brazilian Voice