Departamento de Justiça substitui intérpretes por vídeos em audiências de imigração

indocumentadosO Departamento de Justiça está começando a substituir intérpretes humanos por vídeos informativos em audiências iniciais nos tribunais de imigração, informou o San Francisco Chronicle.

A nova medida teria sido iniciada no dia 15 de julho e os primeiros tribunais a implementarem são os de Miami e New York, segundo o BuzzFeed.

De acordo com o departamento, a ideia é cortar custos com os intérprete pessoais e apresentar um vídeo informativo – em inglês, espanhol e futuramente outras 20 línguas – sobre os direitos do imigrante que enfrenta processo de deportação ou requerente de asilo, por exemplo.

O vídeo foi proposto como uma solução para agilizar as primeiras audiências onde os juízes de imigração se reúnem com dezenas de imigrantes indocumentados no mesmo dia somente para informá-los de seus direitos e obrigações e agendar a próxima audiência.

Essa primeria audiência rápida com o juiz é feita principalmente para garantir que os imigrantes entendam o que está acontecendo e saibam quando será sua próxima audiência e que medidas devem tomar. Cerca de um milhão de audiências do tipo estão “na fila”, de acordo com o The Chronicle.

Assim, com a mudança, depois de assistir ao vídeo, caso o imigrante tenha perguntas ou quiser dizer alguma coisa ao juiz ou se o juiz quiser confirmar que ele entendeu, nenhum intérprete seria fornecido. A mudança afetaria especialmente os imigrantes que não têm advogados para explicar os procedimentos.

Os juízes também podem tentar encontrar um intérprete no tribunal, que esteja no prédio, ou usar o serviço de interpretação por telefone, o qual, segundo alguns juízes, pode ser “lamentavelmente impreciso e substancialmente atrasado”.

Um porta-voz do Departamento de Justiça disse ao Business Insider que não há mudança específica na política de uso de vídeos informativos para as audiências do “calendário principal”, que normalmente duram apenas de 10 a 15 minutos. Em vez disso, o afastamento dos intérpretes em pessoa é “parte de um esforço para administrar melhor” os recursos limitados do Escritório Executivo para a Revisão da Imigração.

Porém, alguns juízes e defensores da imigração estão preocupados com a retirada de um intérprete em pessoa e levantaram pontos questionáveis da medida.

“E se você tem um indivíduo que fala uma língua indígena e não tem educação e é completamente analfabeto? Você acha que mostrar a eles um vídeo vai informá-los completamente de seus direitos? Como eles devem fazer perguntas ao juiz?”, questionou um juiz ao Chronicle, que falou sob condição de anonimato porque não teve aprovação para falar publicamente.

A juíza de Los Angeles, Ashley Tabaddor, que também é presidente do sindicato da Associação Nacional de Juízes de Imigração, disse ao jornal The Chronicle que acredita que as preocupações com o orçamento não justificam a saída do pessoal humano.

“O custo do intérprete não é um custo surpreendente; é parte integrante de todos os casos. Se eles realmente olharem para os tribunais [de imigração] como um tribunal real, eles nunca desprezariam o papel de um intérprete. Mas o fato de estarmos aqui e ter esses déficits orçamentários significa que eles priorizaram o orçamento de uma forma que desconsidera o papel integral dos intérpretes”, apontou.

Para Jeffrey Chase, ex-juiz de imigração, a falta de intérpretes humanos poderia desestimular a confiança no sistema judicial.

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Fonte: Gazeta News