Deputado Bolsonaro quer proibir imigração ilegal de brasileiros

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“Um brasileiro ilegalmente fora do país é problema do Brasil, isso é vergonha nossa, para a gente”, comentou Eduardo Bolsonaro

O Deputado Federal (PSL-SP) disse que os imigrantes brasileiros indocumentados que vivem nos EUA são “vergonha nossa”

De visita aos EUA, na noite de sábado (16), o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) gerou polêmica ao dizer em Washington (DC) que os imigrantes brasileiros indocumentados que vivem no país são “vergonha nossa”. O comentário viralizou nas redes sociais, fazendo com que ele citasse, posteriormente, como exemplo Marco Archer, morto em 2015 por um pelotão de fuzilamento depois de tentar entrar na Indonésia com cocaína escondida numa asa delta. No comentário, ele não citou os motivos reais que fazem com que os brasileiros queiram deixar o país e o fato de que o instrutor de voo livre tentou entrar no país estrangeiro com a droga portando um visto de turista e não tencionava viver lá.

. Deputado tem “vergonha”:

“Um brasileiro ilegalmente fora do país é problema do Brasil, isso é vergonha nossa, para a gente. Uma pessoa, um brasileiro que vai para o exterior e comete qualquer tipo de delito, eu me sinto envergonhado. Por exemplo, quando foram para a Indonésia e condenados à morte aqueles traficantes, eu fiquei com vergonha, poxa”, disse ele em entrevista ao vivo a Record News, em frente à Casa Branca.

No comentário, o deputado não citou os inúmeros brasileiros indocumentados que trabalham arduamente e nunca tiveram problemas com a justiça no exterior. Quando estudava nos EUA, Eduardo trabalhou durante as férias de verão como atendente na rede de lanchonetes Popeye’s e relatou entusiasmado as vantagens do mercado de trabalho e sistema tributário dos EUA através de um vídeo gravado e postado no YouTube.

A crise econômica crônica, corrupção endêmica e violência generalizada têm feito com que inúmeros brasileiros, incluindo celebridades, deixassem o Brasil e optassem por viver especialmente nos EUA, Canadá e Europa. Além disso, muitos brasileiros têm emigrado para Portugal, em parte devido à ausência da barreira do idioma.

. Acordo não é recíproco:

“Quantos americanos vão vir morar ilegalmente no Brasil, aproveitar essa brecha para entrar aqui como turista e passar a viver ilegalmente?” Disse Eduardo, que na quinta-feira (14) foi eleito presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. “Agora, vamos fazer a pergunta contrária: Se os EUA permitirem que um brasileiro entre lá sem visto, quantos brasileiros vão para os Estados Unidos se passando por turistas e vão passar a viver ilegalmente aqui?“

Durante a visita a Washington (DC) no domingo (17), o Presidente Jair Bolsonaro anunciou a suspensão da exigência de visto para a entrada de turistas americanos, canadenses, australianos e japoneses no Brasil. Entretanto, a medida ocorre de forma unilateral, ou seja, sem a exigência de reciprocidade; fato incomum nos acordos entre países.

. Culpou a imprensa:

Ainda com relação à polêmica, Eduardo culpou a imprensa pela repercussão negativa da declaração. Ironicamente, ele destacou que os leitores brasileiros costumam ler “somente o título das matérias” e não o texto. Conforme ele, “a chamada é diferente do corpo da matéria”.

“Não vejo como um desgaste da minha imagem. E certamente no final do dia as pessoas vão entender o que eu quis dizer”, comentou.

. Analfabetismo funcional:

Conforme um artigo publicado pela revista Época Negócios, em agosto de 2018, 3 em cada 10 jovens e adultos de 15 a 64 anos no Brasil, 29% do total, o equivalente a cerca de 38 milhões de pessoas, são considerados analfabetos funcionais. Esse grupo tem muita dificuldade de entender e se expressar por meio de letras e números em situações cotidianas, como fazer contas de uma pequena compra ou identificar as principais informações em um cartaz de vacinação. Há 10 anos, a taxa de brasileiros nessa situação está estagnada, como mostram os dados do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2018.

O estudo, feito pelo Ibope Inteligência, é desenvolvido pela ONG Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro. Nessa faixa de 29% de brasileiros classificados nos níveis mais baixos de proficiência em leitura e escrita, há 8% de analfabetos absolutos (quem não consegue ler palavras e frases). Os outros 21% estão no nível considerado rudimentar (não localizam informações em um calendário, por exemplo).

. Descendente de imigrantes:

Vale lembrar que a família Bolsonaro, como inúmeras outras nacionalidades, imigrou para o Brasil fugindo da miséria na Itália. Com relação aos brasileiros que vivem nos EUA, a maioria trabalha arduamente para manter suas famílias. Os brasileiros que cometem crimes ou se envolvem em atividades criminosas totalizam uma pequena fração dos cerca 1.4 milhão que vivem no país. Conforme o Instituto Pew, em Washington (DC), em 2016, aproximadamente 130 mil brasileiros viviam em situação migratória irregular nos EUA.

As autoridades calculam que aproximadamente 3 milhões de brasileiros vivam atualmente no exterior, sendo quase a metade deles nos EUA.

. Repercussão negativa:

Os comentários feitos por Eduardo Bolsonaro foram recebidos de forma negativa até por alguns apoiadores mais ardentes do atual presidente do Brasil. O Pastor Silas Malafaia diz que Eduardo Bolsonaro ajudaria mais o governo ‘parando de falar asneira’

Apoiador do governo Jair Bolsonaro, o pastor Silas Malafaia publicou no Twitter críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. Ele fez menção à fala de Eduardo sobre brasileiros em situação ilegal nos Estados Unidos. Para Eduardo, essas pessoas são ‘uma vergonha’ para o país.

“O filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, ajudaria muito mais ao governo do seu pai, parando de falar asneira”, postou o Pastor na noite de domingo (17). “Poderia ter ficado de boca fechada na questão dos imigrantes ilegais brasileiros. Não conhece a realidade da questão. A maioria, quase que absoluta, vai para trabalhar”.

“Não tenho vergonha dos brasileiros ilegais que estão em diversas nações poderosas. Não são vagabundos nem pilantras, pelo contrário, trabalhadores que foram tentar a vida fugindo do desemprego”, acrescentou o líder religioso.

O comentário de Eduardo foi feito ao fim de evento organizado pelo ex-estrategista do presidente norte-americano Donald Trump, Steve Bannon, em Washington (DC), pouco antes da chegada de Jair Bolsonaro à capital dos EUA.

Fonte: Brazilian Voice