ICE deporta ex-militar que participou de massacre em 1982

Foto3 Gilberto Jordan ICE deporta ex militar que participou de massacre em 1982Gilberto Jordan, de 64 anos, mentiu durante o processo de naturalização nos EUA

Na terça-feira (3), um ex-membro do exército guatemalteco procurado por participar do massacre de “Dos Erres” há quase quatro décadas, foi deportado por agentes do Setor de Operações do Cumprimento das Leis & Remoção (ERO), subordinado ao Departamento de Alfândega & Imigração (ICE), em Miami (FL). Gilberto Jordan, de 64 anos, chegou à Guatemala escoltado por agentes do ERO a bordo de um voo da ICE Air Operations. Após a aterrissagem, ele foi imediatamente entregue às autoridades locais.

As autoridades guatemaltecas alegam que Gilberto estava entre os 20 membros de uma unidade militar de elite chamada “Kaibiles”, que assassinou mais de 200 homens, mulheres e crianças desarmados na aldeia de Las Dos Erres, em dezembro de 1982. Os soldados foram ao remoto assentamento buscando localizar insurgentes de esquerda supostamente responsáveis pela emboscada de um comboio do exército próximo que resultou no roubo de mais de 20 rifles militares. Depois de chegarem à vila, os Kaibiles começaram a procurar as armas desaparecidas, forçando os moradores a saírem de suas casas e interrogando-os sobre as armas roubadas. Não foram recuperados os rifles. Os soldados, então, começaram a matar sistematicamente os moradores, começando pelas crianças. As vítimas foram espancadas com marretas e seus corpos jogados no poço da vila. Outras vítimas foram baleadas ou estranguladas e muitas das meninas e mulheres locais foram estupradas durante o massacre que durou 2 dias.

De acordo com documentos judiciais, quando Gilberto se tornou cidadão dos EUA em setembro de 1996, ele negou falsamente que já havia servido nas forças armadas ou cometido crimes pelos quais não havia sido preso. Em julho de 1999, quando foi entrevistado durante o processo de naturalização, ele jurou falsamente que as respostas que havia fornecido anteriormente eram verdadeiras e corretas. Jordan naturalizou-se em 25 de agosto de 1999.

Em maio de 2010, agentes do Homeland Security Investigations (HSI) em Palm Beach (FL) prenderam Gilberto por não ter mencionado seu serviço militar anterior e o envolvimento nos assassinatos em sua aplicação para a cidadania. A Seção de Direitos Humanos e Processos Especiais do Departamento de Justiça (DOJ) processou o caso e, em julho de 2010, Jordan se declarou culpado, admitindo que ele foi um Kaibil nas forças armadas da Guatemala e que participou do massacre em Dos Erres. Ele também admitiu que a primeira pessoa que matou em Dos Erres foi um bebê, jogando-o no poço da vila. Gilberto foi condenado em setembro de 2010 a 10 anos de prisão federal e a cidadania dos EUA foi revogada. A investigação do HSI no caso foi citada no filme “Finding Oscar” (Encontrando Oscar, em tradução livre).

O ICE já havia deportado outros 2 participantes do massacre de Dos Erres para que eles enfrentassem acusações de crimes de guerra. O primeiro, Pedro Pimentel Rios, foi deportado em julho de 2011 e, em 12 de março de 2012, condenado por seu papel no massacre e sentenciado a 6.060 anos de prisão. O segundo, Santos Lopez Alonzo, foi deportado em 10 de agosto de 2016, condenado por seu papel no massacre e, em 22 de novembro de 2018, condenado a 5.160 anos de prisão.

As pessoas que tiverem informações sobre cidadãos estrangeiros suspeitos de se envolverem em violações de direitos humanos ou crimes de guerra podem contatar a linha direta do ICE: 1-866-DHS-2423 (1-866-347-2423). As ligações são sigilosas e podem ser anônimas. Para saber mais sobre a assistência disponível às vítimas nesses casos, a linha direta e gratuita é: 1-866-872-4973.

Fonte: Brazilian Voice