Atriz de ‘Smallville’ é condenada a 3 anos por participação em seita em mulheres eram marcadas com ferro e abusadas

Allison Mack acompanhada de advogados

Crédito, Getty Images

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A atriz da série “Smallville”, Allison Mack, que participou do sistema de “escravo e mestre” do Nxivm

A atriz americana Allison Mack, que teve uma participação central na seita Nxvim, foi condenada a três anos de prisão nesta quarta-feira (30/06) por uma corte federal em Nova York por aliciar mulheres para que se tornassem escravas sexuais do líder do grupo.

Mack é mais conhecida como atriz por ter atuado na série Smalville, em que desempenhou o papel de uma amiga do Superman. Ela já havia admitido à Justiça que era culpada pelas acusações relacionadas à Nxvim e colaborado com denúncias contra o líder da seita, Keith Raniere.

Após a condenação, ela afirmou:

“Tomei decisões das quais sempre me arrependerei”. Ela disse ainda sentir “remorso e culpa” pelo caso.

A atriz chorou ao ler seu pronunciamento. O juiz Nicholas Garaufis disse acreditar que suas desculpas eram sinceras, mas afirmou que ela merecia uma pena dura por ter se tornado uma “aliada pró-ativa” de Raniere.

Conforme a lei americana, a pena de Mack poderia ir de 14 a 17,5 anos de prisão, mas a defesa da atriz pede que ela possa cumpri-la em domicílio. Os promotores encarregados da acusação concordaram em reduzir a pena por causa da cooperação da atriz no caso.

Em outubro de 2020, outra pessoa foi julgada por envolvimento com a Nxvim, cujas seguidoras chegaram a ser marcadas a ferro.

A herdeira do grupo canadense de bebidas Seagram, Clare Bronfman, foi condenada a seis anos e nove meses de prisão.

Bronfman foi condenada por duas acusações, pelas quais já havia se declarado culpada em abril de 2019 — fraude em cartão de crédito e conspiração para acolher e esconder imigrantes ilegais em busca de benefício financeiro.

Segundo a promotoria, ela abrigava pessoas que estavam nos EUA ilegalmente em troca de “serviços e trabalho”

Ela foi levada à prisão logo após ouvir a sentença em um tribunal no Brooklyn, em Nova York.

Crédito, KEITH RANIERE CONVERSATIONS/YOUTUBE

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Keith Raniere, líder da Nxivm, foi condenado em 2019

‘Princípios humanitários’

A Nxivm (pronuncia-se “Nexium”) operava havia mais de 20 anos. Teve início em 1998 como um programa de autoajuda e, segundo a própria organização, já trabalhou com mais de 16 mil pessoas.

Em seu site, descreve-se como uma “comunidade guiada por princípios humanitários em busca de empoderar as pessoas e responder questões importantes sobre o que significa ser humano”.

Apesar de seu slogan ser “trabalhando por um mundo melhor”, Raniere foi condenado em 2019 por coordenar um sistema baseado em papéis de “escravo” e “mestre”.

De acordo com os depoimentos colhidos pela Justiça dos EUA, a Nxivm operava como uma seita. Segundo os promotores envolvidos no caso, suas integrantes formavam uma espécie de irmandade de “escravas” que passaram por uma lavagem cerebral.

Muitas chegaram a ser marcadas a ferro com as iniciais de Raniere e eram forçadas a ter relações sexuais com ele.

Durante o julgamento de Raniere, ex-integrantes explicaram como era o dia a dia do grupo que ele comandava. Eles descreveram como tiveram de romper as relações que tinham antes de entrar e como sofreram abuso físico e sexual.

Segundo os depoimento, algumas mulheres foram forçadas a fazer abortos. E havia um sistema de “escrava e mestre”, obrigando algumas a oferecer coisas como fotografias humilhantes para mostrar seu compromisso.

Bronfman era do conselho executivo da Nxivm e deu a Raniere dezenas de milhões de dólares para que ele organizasse as aulas intensivas de “auto-aperfeiçoamento” do programa.

Ela também pagou pelas despesas com advogados quando o grupo se tornou alvo de ação na Justiça.

Seu advogado argumentou que ela deveria ter sido sentenciada com uma pena mais branda por não estar diretamente envolvida nas acusações mais sérias contra a seita e por ter comorbidades que a deixariam vulnerável a contrair covid-19 na prisão.

Os promotores rebateram, entretanto, dizendo que ela deveria receber uma punição severa porque “Raniere não teria conseguido cometer os crimes pelos quais foi condenado sem a ajuda de aliados poderosos como Bronfman”.

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Fonte: BBC