A assessoria do Ministério da Educação informou que o ex-ministro Abraham Weintraub chegou na manhã deste sábado, 20, a Miami. Ele foi demitido pelo presidente Jair Bolsonaro na quinta-feira, 18, e é investigado em inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF) e apura a disseminação de fake news e ameaças a ministros do tribunal.
Parlamentares pediram ao STF a apreensão de seu passaporte para evitar que ele saísse do Brasil. A informação de que ele chegou a Miami veio através do irmão do ex-ministro, Arthur Weintraub, que escreveu no Twitter “Obrigado a todos pelas orações. Meu irmão está nos EUA”.
Como ministro de Estado, Weintraub tem passaporte diplomático, o que facilita o acesso a outros países e permitiu sua entrada nos EUA mesmo com as restrições motivadas pela pandemia do novo coronavírus.
Lembrando que os EUA proibiram a entrada de cidadãos brasileiros que não tenham dupla cidadania ou que não sejam residentes permanentes (portadores de green card por causa da pandemia. A medida ainda está em vigor e não tem data para acabar.
Segundo o Itamaraty (ministério das Relações Exteriores), ministros de estado do Brasil têm direito a esse tipo de passaporte privilegiado.
Em um vídeo ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Weintraub anunciou que deixou o governo e assumirá um cargo de diretor no Banco Mundial.
Ameaça ao Supremo
O ministro da Educação foi incluído no inquérito pelo relator, ministro Alexandre de Moraes, em razão das ofensas ao Supremo. O ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, pediu a retirada de Weintraub do inquérito, por meio de um pedido de habeas corpus, mas, na quarta (17), por 9 votos a 1, o STF rejeitou.
Em reunião ministerial em 22 de abril, ele afirmou: “‘Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia, começando no STF”.
Ele também responde a outro inquérito no Supremo, este a pedido da Procuradoria Geral da República, para apurar suposto crime de racismo. Em abril, Weintraub publicou mensagem em uma rede social indicando que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise do coronavírus. Na mesma postagem, ele ridicularizou o fato de alguns chineses, quando falam português, trocarem a letra R pela letra L.
Em rede social, nesta sexta-feira, Weintraub afirmou que pretendia sair do Brasil “o mais rápido possível”. Neste sábado, na mesma rede social, em resposta a uma apoiadora, ao ser questionado se o irmão também iria para os Estados Unidos, ele escreveu: “As coisas aconteceram muito rapidamente…”, mensagem com indicação de origem em Miami.
Nesta sexta-feira (19), o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) pediu ao STF a apreensão do passaporte de Abraham Weintraub e a proibição de que ele saísse do país.
No documento, endereçado ao ministro e relator Alexandre de Moraes, o parlamentar argumentou que, como investigado no STF, Weintraub não poderia se ausentar do país.
“O investigado possui notável papel de liderança na incitação de grupos de ódio. Basta lembrar que foi carregado por apoiadores ao prestar depoimento exatamente sobre os fatos objeto do presente inquérito. Assim, não há razão para crer que a conduta no exterior – fora da jurisdição desse Tribunal – será diferente”, diz trecho do pedido de Contarato.
Deputados do PT também pediram nesta sexta (19) a retenção do passaporte de Abraham Weintraub. O pedido também foi endereçado ao ministro do STF Alexandre de Moraes. Assinam o documento os deputados Rogério Correia (PT-MG), Padre João (PT-MG), João Daniel (PT-SE), Alencar Santana (PT-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS).
Os parlamentares argumentam que a saída de Weintraub do país poderá dificultar o andamento das investigações.
“Ele pode muito bem, a pretexto do serviço que prestar, fugir do Brasil com os crimes que ele está cometendo. A prisão dele é uma possibilidade real, depois que ele disse que iria prender ministros do Supremo e chamou os ministros duas vezes de vagabundos”, disse o deputado Rogério Correia, em entrevista à Radio Itatiaia nesta sexta (19).
Uma carta assinada por 15 associações e mais de 130 personalidades de diversas áreas pediu a embaixadores de oito países no Brasil que se posicionem contra a indicação de Abraham Weintraub.
Nesta sexta, o Banco Mundial informou, por meio de nota, que recebeu do governo brasileiro a indicação de Abraham Weintraub para ocupar um cargo de diretor da instituição.
De acordo com o banco, o nome terá que ser aprovado pelo grupo liderado pelo Brasil na instituição e o eventual mandato terminará em outubro, quando uma nova indicação terá de ser feita.
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Fonte: Gazeta News